Tropicalização da fruticultura permite que diferentes espécies sejam encontradas nas gôndolas dos supermercados no ano todo

O pêssego, a exemplo da uva, passou a ser cultivado além da região de Jundiaí, no Sudoeste do Estado, no município de Guapiara

Graças a uma série de pesquisas e do avanço científico, frutas típicas do período natalino podem ser encontradas com mais facilidade durante todo o ano no Estado de São Paulo.
A ciência agronômica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), foi deter-minante para a tropicalização da fruticultura, ampliando a produção de itens como uva, pêssego, ameixa, nectarina, maçã e pera, que exigem temperaturas mais baixas para produção.
Grande parte das frutas consumidas durante as festas no final de ano era oriunda de importações de outros estados e países. Como resultado da ciência e da adoção das tecnologias pelos fruticultores, as frutas passaram a ter maior disponibilidade, a preços mais acessíveis. Embora ainda com ofertas reduzidas e preços elevados, pode-se ter acesso as outras espécies, ainda pouco populares, como as castanhas japonesa, nozes pecan e macadâmia, além de atemoia, lichia, kiwi e pitaya.
A fruticultura de clima temperado paulista deixou de ser praticada somente em áreas serranas, que são mais frias, e em municípios próximos da capital paulista. “Os pomares passaram a ocupar algumas regiões do interior, onde muitas vezes não ocorrem temperaturas ou condições hibernais frias”, afirma a pesquisadora do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Mara Fernandes Moura.

Pesquisas
Essa migração se deve às pesquisas na área de melhoramento genético conduzidas pelo IAC, que tropicalizou a fruticultura. As pesquisas do Instituto envolvem introdução e seleção de novas espécies e cultivares e hibridações para obtenção de cultivares menos exigentes em frio hibernal, além de adequadas aos diferentes sistemas de cultivo.
A pesquisa científica abriu novas fronteiras de produção, as uvas, por exemplo, que antigamente eram produzidas apenas em algumas regiões, como Jundiaí, Vinhedo e Valinhos, atualmente também são produzidas em municípios localizados em regiões mais quentes do interior paulista, a exemplo do Noroeste Paulista, como Jales e Votuporanga.
O pêssego, a exemplo da uva, passou a ser cultivado além da região de Jundiaí, no Sudoeste do Estado, no município de Guapiara. Atualmente pode ser plantado em diversos outros locais da região do Paranapanema e Centro-Norte Paulista.
O IAC começou o melhoramento genético do pessegueiro em 1947, sendo pioneiro no Brasil.
Eram também restritos às regiões frias do país, os pomares de maçã. As pesquisas do IAC também viabilizaram sua extensão para a região de Paranapanema, Jundiaí, Vinhedo e Valinhos. Nestes três municípios e também em Presidente Prudente passou a ocorrer o plantio de pera, adaptada a áreas mais quentes graças ao trabalho científico.
“O conhecimento da resposta das plantas a diversos tipos e épocas de podas permitiu a oferta de frutas em épocas distintas do período de safra convencional”, afirma Mara.
O exemplo mais típico desse caso, segundo Moura, é o cultivo de goiabas, que podem ser ofertadas durante todo o ano.

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