Osso de Gigante

Coisas estranhas aconteciam na Caverna do Sumidouro. Os moradores, imbuídos em sua cultura agrícola de subsistência, guardavam as colheitas de feijão na sala interior desta caverna.

No outro dia, percebiam que tudo estava esparramado, jogado para fora. Diziam que ali morava o gigante da caverna.

Certo dia, dois cidadãos notaram uma parte de um osso no solo da gruta. Cavaram cuidadosamente e encontraram uma peça imensa, digna de um gigante.

Trouxeram a descoberta para todos do bairro virem aquilo. Depois foram para um boteco, aguardente vai, dose vem e a discussão sobre quem achou o osso veio à tona. Houve luta com facões.

Um deles, ferido no braço, conseguiu fugir com a ossada, se embrenhou na mata e nunca mais voltou.

O osso era de um jurássico Megaterius, a preguiça gigante que habitava nossa região em tempos remotos. Chegava a pesar quatro toneladas e tinha seis metros de comprimento.

Lugar de exuberantes paisagens e cavernas, foi em uma delas que encontraram a ossada desse bicho que se escondia nas cavernas buscando proteção contra os predadores da época.

Os ossos fossilizados estão atualmente no Museu Geológico Valdemar Lefèvre em São Paulo e datam de 20 mil anos atrás.

Desse fato tiramos uma idéia: a resistência de Megaterius, desviando dos predadores sociais pelos atalhos dos túneis das cavernas. Sim, o bicho também criava conexões de caminhada, sem obstruir e coagular os fluxos.

Megaterius também é um projeto, que ainda não foi identificado pelas forças da opressão burocrática. É como pirata que segue pelas ilhas, clandestino inesperado. O tesouro da Preguiça Gigante é a de ser cúmplice dos acontecimentos subterrâneos.

 

Rafael Ap. Ferreira de Almeida, advogado

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