Esqueceram do básico

Existem pequenos detalhes, pequenos gestos que apontam se alguém ou mesmo um governo está realmente preocupado com determinado problema.

É público e notório para todos que nas últimas semanas foram acessas as luzes de alerta para os municípios brasileiros em relação a dengue, uma doença em que a vacina ainda está em estágio inicial e que lamentavelmente leva a óbito a cada ano muitos brasileiros.

É triste constatar que a cidade de Capão Bonito regrediu no combate a essa doença nos últimos anos, saímos de um estágio de praticamente casos que não chegavam a dois dígitos e somente com pessoas sendo contaminadas em outras cidades que migravam com a doença, para uma cidade que está em estágio de alerta máximo, com centenas de casos em 2023 e perspectivas de um número recorde em 2024.

Como em pouco mais de três anos passamos a este nível preocupante? Passamos porque houve descuido com o básico, com a assistência contínua e só se pensou em obras e reformas que agradassem empreiteiras amigas e com valores faraônicos.

Vejamos o caso da piscina pública de Capão Bonito, que estava até poucos dias sendo um criadouro da doença e que até 2020 funcionava naturalmente, inclusive, proporcionando lazer para os adolescentes de baixa renda da cidade nos verões.

Logicamente que a piscina que tem mais de 60 anos de história necessita ser modernizada e merece um ‘upgrade’, mas enquanto o município não faz o projeto, não consegue o dinheiro para a reforma, o que custava colocá-la em funcionamento como ocorreu até 2020.

Com a ânsia de fazer grandes projetos deixaram que todos os motores da piscina fossem furtados, ficaram três anos sem fazer nenhuma atividade no verão na piscina e, por fim, deixaram-na imunda e se transformando em criadouro de larvas para dengue.

Quanto custaria colocar alguém para cuidar da piscina, jogar um cloro e vigiar para evitar que fossem furtados todos os equipamentos.

Com certeza bem menos do que se gasta com um doente de dengue, bem menos do que será necessário para comprar todas as bombas e motores, mas talvez este cuidado de zeladoria não dá lucro para os amigos empreiteiros.

É por isso que estamos sob risco de uma doença que até 2020 não nos afetava, mas que agora está aí para ameaçar a todos por falta de cuidados com o básico, com as pequenas coisas, mas isto não dá voto e nem agrada os amigos construtores.

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