A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), realizou o 12º Seminário Regional de Agroecologia, em Ibiúna, no último sábado, 27 de agosto.
Durante o evento, o pesquisador da Secretaria, que atua na APTA, Sebastião Wilson Tivelli, apresentou técnicas eficientes para o cultivo orgânico. Uma delas é a utilização do fungo Tri-choderma, considerado um agente benéfico. Em pesquisa realizada pela APTA, foi possível aumentar em 60% a produtividade dos tomates orgânicos com o uso do fungo. Durante o evento, o pesquisador da APTA, Issao Ishimura, também foi homenageado pelas suas pesquisas e atuação na agricultura orgânica.
A Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica da APTA, localizada em São Roque, mostrou que a aplicação do Trichoderma em tomates orgânicos aumentou em 60% a produtividade dos tomateiros. “Normalmente, são produzidos de seis a oito quilos de tomate orgânico por metro quadrado. Com o Trichoderma é possível produzir 9,5 quilos, em média”, afirma Tivelli.
O trabalho, publicado em 2008 pela APTA, é utilizado por agricultores de orgânicos em Ibiúna. Agora, os pesquisadores da Agência continuam a pesquisa avaliando outras culturas. “Estamos conseguindo aumentos de produtividade expressivos em alface, coentro e couve chinesa”, diz o pesquisador da APTA.
A pesquisa é realizada em conjunto com o Instituto Biológico (IB-APTA).
O Trichoderma é considerado um agente benéfico porque auxilia a planta a desenvolver hormônios de crescimento, melhorar os mecanismos ativos de absorção e o acesso aos nutrientes presentes no solo, além de aumentar a eficiência da planta para utilizar alguns nutrientes importantes, como o nitrogênio. “Ele também é capaz de melhorar a resistência da planta ao estresse abiótico, ou seja, na escassez de água e temperatura elevada. Pesquisas apontam que plantas tratadas com os agentes benéficos podem ter desempenho favorecido quando cultivadas em condições estressantes”, afirma Cleusa Maria Mantovanelo Lu-con, pesquisadora do IB.
Em todo o País, o Tri-choderma é usado em 5,5 milhões de hectares para controle de doenças como mofo branco, fusariose e rizoctoniose, que podem causar prejuízos de até 100% da produção, dependendo da condição ambiental. Isso corresponde a um mercado que movimenta cerca de R$ 100 milhões, por ano. Segundo a pesquisadora do IB, ele atua como uma barreira da raiz, sendo um escudo contra os fito-patógenos do solo e tem papel fundamental na ciclagem de nutrientes e na nutrição de plantas. Essas características, associadas a sua capacidade de colonizar bem o sistema radicular e proteger as plantas contra vários patógenos, têm permitido que seja uma das principais estratégicas para o controle de doenças de diversas culturas economicamente importantes”, explica a pesquisadora do IB.
O fungo atua de forma preventiva e não curativa das doenças.
O aumento da utilização do Trichoderma tem contribuído para a redução do uso de agrotóxicos e dos danos causados pelos produtos químicos à saúde humana e ambiental. “Este fungo contribui para que a produção agrícola seja cada vez mais saudável e sustentável”, afirma Cleusa. O Instituto Biológico tem uma coleção de Trichoderma com 120 cepas do fungo já testadas e efetivas contra fitopatógenos de solo.
Outras estratégias
Tivelli explica que o agricultor orgânico também pode utilizar outras estratégias para melhorar a produção, como o uso de cercas vivas ou quebra ventos. Essas estruturas, de acordo com o pesquisador, impedem que os produtos químicos utilizados em plantios convencionais vizinhos contaminem a produção de orgânicos e minimizam o ataque de pragas, por criar condições para a presença de predadores, como aranhas, percevejos e ácaros, por exemplo.
“Este é um controle natural, em que na cerca viva formada por plantas que florescem são criadas condições favoráveis a presença desses predadores”, afirma o pesquisador.
A utilização de adubos verdes e o uso de palha no solo também ajudam na produção de orgânico, diminuindo a temperatura e aumentando a umidade. “Isso gera uma economia de irrigação pelos produtores” diz Tivelli.
A APTA trabalha no desenvolvimento de pesquisas e transferência de tecnologias para cultivo orgânico desde 1994.
Em projeto recente com a Sociedade Nacional de Agricultura do Rio de Janeiro, pesquisadores da Agência têm trabalhado no desenvolvimento de apostilas para técnicos e agricultores sobre cultivo de orgânicos.
No final de 2015, foi lançadas duas apostilas de tomate.
Para este ano está previsto o lançamento de materiais sobre batata, morango, milho, feijão e goiaba.