Em meados do mês de maio representantes dos mais de 350 municípios do Estado de São Paulo que detêm contrato com a Sabesp, que é estatal do ramo de saneamento básico, que agora estão reunidos numa unidade regional criada no ano de 2023, participaram de uma votação em que era decidido praticamente o futuro dos contratos existentes entre a estatal e os municípios que concederam o serviço de saneamento básico em seus respectivos territórios.

A grande maioria dos eleitores ou era composta de prefeitos ou, como no caso de Capão Bonito, era de indicados do prefeito. Quase a totalidade dos eleitores, nesta eleição pouco divulgada, acabaram agradando o Governo do Estado, que quer privatizar a companhia, e decidiram por votar seguindo as recomendações oficiais e com isso retiraram o direito das câmaras municipais de cada uma das cidades poderem discutir a renovação dos contratos com a Sabesp caso a caso.

Alguns poucos municípios votaram contra essa medida, da nossa região somente as cidades de Itapeva e Itaí. Não se sabe ainda como serão analisados os casos destas cidades que foram contra, mas das cidades que votaram a favor, como Capão Bonito, sabe-se que haverá uma prorrogação de contrato até o ano de 2060, no caso capão-bonitense era até 2038, e com isso será essa nova unidade regional que irá discutir sobre privatização e qualquer outra mudança no contrato existente.

Essa manobra além de ser sorrateira, ainda se mostrou um ataque a democracia, pois somente com o voto de uma pessoa se decidiu o futuro de uma área importantíssima para uma cidade, que é o saneamento básico.

Quando o contrato da Sabesp com a prefeitura de Capão Bonito foi renovado em 2008, houve uma ampla discussão da comunidade, com prós e contras sendo analisados e com a apresentação de um rol de obras que eram necessárias e que a empresa se comprometeu a fazer. E quem votou pela aprovação da renovação do contrato foram os vereadores da época, que eram os representantes do povo e tinham legitimidade para esta função.

A mudança que foi aprovada com o voto do representante de Capão Bonito vai impedir que no futuro a questão do saneamento básico seja discutida pela população local, foi tudo unido num grande contrato que facilitará a privatização da empresa e não se importará com as questões específicas de cada cidade.

Essa artimanha do governo estadual lesou o espírito democrático que existia no tema do saneamento básico em São Paulo e lamentavelmente esse golpe foi dado com o auxílio de muitos prefeitos, que ajudaram a apunhalar pelas costas as suas respectivas populações e também a boicotarem o Poder Legislativo de suas cidades.

Foi algo como o ataque de Brutus ao imperador Júlio Cesar no senado romano, que ficou conhecido por séculos como uma traição histórica.