Na semana passada este semanário, através do programa O Expresso Entrevista, ouviu um dos melhores jornalistas desta região, Fábio Arruda de Miranda, sobre estudos e um livro de sua autoria em conjunto com seu pai, o também jornalista Hélio Rubens de Arruda e Miranda, recentemente falecido, em que reescrevem um período importante de nossa história e que está contada de forma diferente nos livros oficiais, portanto, trazem uma nova versão dos fatos.
O livro e os estudos falam sobre Júlio Prestes, o político de Itapetininga, que foi deputado, governador do Estado e se elegeu presidente da República, mas acabou não tomando posse devido ao golpe de estado que derrubou o presidente Washington Luis em 24 de outubro de 1930, faltando 21 dias para o término de seu mandato.
Prestes foi o único presidente eleito pelo voto popular que não tomou posse de seu mandato. Ao pesquisarem e deixarem para a posteridade o livro sobre a vida política de Júlio Prestes, os jornalistas dão uma grande contribuição para que possamos entender o atual estado de desenvolvimento econômico de nossa região.
Para quem não sabe, a derrubada do itapetiningano Júlio Prestes há poucos dias de tomar posse como presidente da República, interferiu no desenvolvimento da região, seja pela retaliação do governo federal liderado por Getúlio Vargas, que não queria investir no reduto político de um adversário, ou pelo fato de projetos que Prestes tinha deixado encaminhado no Governo do Estado para atender a região, como a chegada de um linhão vindo de Sorocaba para aumentar a oferta de energia elétrica, não terem sidos levados adiante.
Recontar de forma corajosa e tentar mostrar uma outra versão da história oficial, o que tem sido feito com louvor pelo jornalista Fábio Arruda, faz com que todos da nossa região possamos ter um entendimento maior sobre os reais motivos que fizeram com que o Sudoeste paulista tivesse uma estagnação econômica se comparado com outras regiões de São Paulo.
Lembremos que durante o período de Getúlio Vargas à frente do país, por 15 anos seguidos os governos estaduais eram comandados por interventores indicados pelo presidente da República e também na Revolução Constitucionalista de 1932 a região teve papel marcante no conflito. Estes fatos corroboram muitas das teses que afirmam que a nossa região perdeu entre 1930 e 1950 o momento de se desenvolver na área industrial, quando o restante do Estado e do País crescia nesse setor tão importante para a economia de qualquer município.
Ao darem uma nova versão para a história que tem a versão oficial feita a dedo pelos vencedores e também por mostrarem que Júlio Prestes não era um representante da República Velha e, sim, era um político avançado para seu tempo, os jornalistas nos dão a oportunidade através do conhecimento de outro lado da história para compreendermos o que aconteceu na nossa região e este conhecimento pode nos dar muitos ensinamentos para o presente e, principalmente, para o futuro.