Atualmente, diversos casais têm optado por dormir em quartos separados, esse hábito vem sendo chamado de ‘divórcio do sono’. Em muitos dos casos, as pessoas afirmam ter um sono mais regular e profundo quando dormem sozinhas.
No final do ano passado, a atriz americana Cameron Díaz disse ao podcast Lipstick on the Rim, que ela e o marido não dormiam mais no mesmo quarto. “E acho que precisamos normalizar quartos separados”, disse ela. Ainda que sua revelação tenha gerado milhares de reações nas redes sociais, o caso da estrela de Hollywood não é isolado.
“O divórcio do sono é algo que, inicialmente, é feito temporariamente. Mas depois os casais percebem que na verdade dormem melhor quando estão sozinhos”, diz Stephanie Collier, psiquiatra do Hospital McLean, nos Estados Unidos.
Segundo a psiquiatra, essa é uma tendência que definitivamente está se tornando mais popular. “Normalmente os motivos têm a ver com a saúde… ocorrem porque a pessoa ronca, tem as pernas inquietas, é sonâmbula ou vai muito ao banheiro por motivos médicos. Então eles se mexem, rolam e isso incomoda o parceiro”, afirmou ela à BBC.
De acordo com um estudo realizado em 2023 da Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), mais de um terço dos entrevistados nos Estados Unidos disseram dormir ocasionalmente ou regularmente em quartos separados de seus parceiros, com o objetivo de melhorar a qualidade do sono.
A pesquisa ainda revela, que a tendência se acentua entre os millennials (geração que tem atualmente entre 28 e 42 anos, aproximadamente), onde cerca de metade (43%) respondeu que dorme separado do parceiro. Entre as demais faixas etárias, os millennials são seguidos pela Geração X (nascida entre 1965 e 1980), com 33%; depois a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012), com 28%; e por fim os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964), com 22%.
“Embora não se saiba exatamente porque as gerações mais jovens têm maior probabilidade de fazê-lo, existem algumas hipóteses. Uma delas é que há menos estigma em torno da ideia de dormir separadamente. É uma mudança cultural. Eles pensam: ‘Se eu dormir melhor, me sinto melhor. Então, por que não?’”, argumenta, Collier.
Para Seema Khosla, pneumologista e porta-voz da Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), ter um boa noite de sono é importante tanto para a saúde como para a felicidade do casal. “Sabemos que dormir mal pode piorar o seu humor, e aqueles que estão privados de sono são mais propensos a discutir com seus parceiros. Pode haver algum ressentimento em relação à pessoa que causa a interrupção do sono, o que pode impactar negativamente os relacionamentos”, disse a pneumologista.
No entanto, se um casal decidir tentar o “divórcio do sono”, existem algumas recomendações que devem ser seguidas, dizem os especialistas. Para elas, o “divórcio do sono” não é algo que funciona para todos os casais, alguns preocupam-se em perder a intimidade. “Alguns estudos mostram que há casais que dormem juntos há anos e que conseguem aprofundar as fases do sono por estarem ligados. Com isso, você melhora a qualidade do sono”, afirma o sonologista.
Ambas afirmam que não existe uma estratégia de sono que sirva para todos os casais, trata-se de encontrar a estratégia que funciona melhor para os dois. A opção por quartos separados pode ser positiva para muita gente. Mas é importante que o par discuta francamente essa alternativa antes de que um deles simplesmente deixe o quarto.