O mês de novembro marca o início de uma das campanhas mais importantes no cenário da saúde pública mundial, movimento dedicado à conscientização sobre o câncer de próstata. Para cada ano do triênio 2023-2025 são esperados 71.730 diagnósticos da doença, sendo que 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O câncer de próstata é um tipo de neoplasia maligna (tumor) com uma perspectiva de cura otimista caso seja identificado rapidamente. “De maneira didática, podemos dizer que durante toda a vida, nossas células se multiplicam e as antigas são substituídas pelas novas. Contudo, quando há um crescimento descontrolado, são formados tumores tanto benignos, quanto malignos – como é o caso do câncer de próstata”, afirma Denis Jardim, líder nacional da especialidade de tumores urológicos da Oncoclínicas.
O especialista explica que a próstata é uma glândula do tamanho de uma noz, que tem a função de produzir o chamado líquido seminal, responsável por nutrir e transportar os espermatozóides. Presente apenas em pessoas do gênero masculino, está localizada na frente do reto, abaixo da bexiga, e envolve a parte superior da uretra, canal por onde passa a urina.
Por ser um tumor silencioso, a principal ferramenta para diagnóstico em fases iniciais da doença é o exame de PSA. No Brasil, segundo o Inca, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos.
No começo, pelo fato dos sintomas serem silenciosos, a doença comumente é detectada a partir da avaliação clínica e/ou exame de PSA. Quando aparentes, os sinais mais comuns são: dificuldade para urinar, presença de sangue na urina, parada de funcionamento dos rins – indicam estágio avançado -, além de problemas decorrentes da disseminação para outros órgãos, tal como dor, nos casos de metástases ósseas.
Por isso, a conscientização sobre a rotina de acompanhamento médico e o rastreamento ativo é sempre a melhor opção. Homens que se encontram no grupo de risco, composto por quem tem mais de 50 anos ou com histórico familiar, devem estar atentos aos exames necessários para rastreamento do câncer de próstata.
Considerado o tipo mais comum de câncer nos homens, ficando atrás apenas dos tumores de pele não melanoma, a doença ainda é repleta de dúvidas que merecem atenção. Uma delas, é o fator da hereditariedade como risco de desenvolvimento da neoplasia.
“Existe um número representativo de tumores de próstata que estão associados a fatores genéticos hereditários. A presença de outros casos na família aumenta esse risco, mas a hereditariedade pode ocorrer mesmo na ausência destes casos”, explica Denis Jardim.
Há também, algumas mutações genéticas específicas, como nos genes BRCA1 e BRCA2, comumente associadas a tumores com alta incidência em mulheres, também podem aumentar o risco de câncer de próstata. “A hereditariedade desempenha um papel importante em uma pequena porcentagem dos casos, mas o conhecimento desse fator permite uma vigilância mais ativa e estratégias de rastreamento mais adequadas”, reforça Jardim.
O médico ressalta que o rastreamento precoce é essencial em casos como este, pois o conjunto de exames, aliado a uma rotina de check-ups regulares, são um importante recurso de prevenção para aqueles com histórico familiar de mutações. “Esse conhecimento promove um acompanhamento mais assertivo, incentivando os homens a aderirem a uma postura preventiva ao longo de toda a vida, sempre baseada em informações de qualidade”, finaliza o especialista.