Inclusão social: um ótimo presente de Natal para pessoas com deficiência e autismo

O Natal é um momento de celebração, troca de presentes e união, mas para muitas pessoas com deficiência e com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o verdadeiro presente não está em itens como roupas ou perfumes, mas sim em atitudes que promovam a autonomia, o respeito e a inclusão. Para essas pessoas, o maior desejo de Natal é, acima de tudo, a possibilidade de participar ativamente da sociedade, sem barreiras que limitem sua liberdade e dignidade.

De acordo com o defensor público federal André Naves, especialista em Inclusão Social, as pessoas com deficiência querem visibilidade e, principalmente, que sejam ouvidas. “O que as pessoas com deficiência mais desejam é ter a oportunidade de desenvolver suas qualidades da forma que escolherem, com autonomia e respeito”, destaca Naves. Para ele, a solução para as diversas barreiras enfrentadas pela comunidade PcD passa pela implementação de políticas públicas eficazes que garantam acessibilidade, educação inclusiva e oportunidades de trabalho.

A acessibilidade é um dos principais desafios, envolvendo desde adaptações na infraestrutura urbana e no transporte público até mudanças em espaços privados. A inclusão no mercado de trabalho e em instituições educacionais também são questões cruciais para garantir que as pessoas com deficiência possam viver com independência e dignidade. “Garantir uma educação inclusiva e oportunidades no mercado de trabalho são fundamentais para a autonomia das pessoas com deficiência”, afirma o defensor público.

Além das questões que afetam as pessoas com deficiência em geral, o Natal também pode ser um desafio para aqueles que possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para eles, as festas de fim de ano, com suas luzes piscantes, sons intensos e mudanças de rotina, podem se tornar fontes de desconforto. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), 1 em cada 36 crianças é diagnosticada com TEA, uma condição que afeta a comunicação, interação social e pode resultar em sensibilidade sensorial extrema.

Para tornar as festas mais inclusivas e acolhedoras, o Instituto Jô Clemente (IJC), que promove a inclusão de pessoas com deficiência intelectual e autismo, sugere várias adaptações simples, mas significativas. Marina Alves, supervisora da área de Neurodesenvolvimento Infantil do IJC, explica: “Com planejamento e algumas mudanças no ambiente, é possível criar condições para que as pessoas com autismo também desfrutem das celebrações.”

Algumas medidas podem fazer toda a diferença no conforto das pessoas com autismo durante as festividades, como antecipação e preparação: “É importante que as crianças e adultos com TEA se sintam preparados para o evento. Utilize calendários visuais para mostrar a proximidade da festa e explique, com antecedência, como será a celebração. Envolver as pessoas com TEA nos preparativos, como escolher decorações ou presentes, também pode ajudar a aumentar o conforto e a empolgação”, disse a supervisora.

Outra atitude que pode ser adotada, é verificar se o ambiente deve ser adaptado para reduzir os estímulos sensoriais. “Sons intensos, como os de fogos de artifício, podem ser dolorosos para muitas pessoas com TEA, por isso, é recomendável criar espaços mais tranquilos ou usar abafadores de ouvido. As luzes da decoração devem ser neutras e estáticas, para evitar desconfortos. Também é importante reservar um local tranquilo, onde a pessoa possa se retirar caso precise de um momento de descanso”, afirmou a especialista.

Segundo Marina Alves, é importante que antes das celebrações, haja uma conversa com os convidados sobre o Transtorno do Espectro Autista, assim, todos passarão a se sensibilizar e contribuir para um ambiente mais inclusivo. “Respeitar os limites das pessoas com autismo é fundamental, permitindo que escolham roupas confortáveis e outras adaptações que atendam às suas necessidades”.

O Natal é um momento especial para nos conectarmos conosco e com as pessoas ao nosso redor. É saber olhar para o próximo e promover o amor, a dignidade e o respeito. Notar que o presente mais valioso não está nos objetos, mas em criar um ambiente mais acolhedor, empático e acessível, onde todos possam participar das celebrações de forma plena, com o reconhecimento e respeito às suas individualidades.

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