É comum figurar nos meios informativos manchetes relacionadas a Israel, Faixa de Gaza, Irã e Arábia Saudita, territórios que distam do Brasil em mais de 10.000 km e deixam boa parte das pessoas sem entender o porquê de tanta atenção dedicada a esse cenário, uma vez que ele tem pouca influência em nossa vida cotidiana e o Brasil já possui sua considerável carga de episódios violentos e novelas políticas de alianças e retaliações.
Embora os confrontos bélicos e diplomáticos dessas terras longínquas sejam complexos e antigos, eles podem ser grosseiramente resumidos em: judeus contra palestinos, ambos desejosos de possuir o território de Israel, a terra onde jorra leite, mel e petróleo; sunitas versus xiitas, dois segmentos do Islã comparáveis a católicos e evangélicos do Cristianismo, e que possuem ideais opostos a respeito de como a religião de Maomé deve ser vivida; regimes ditatoriais e monárquicos; adiciona-se ainda boas doses de interferência russa e norte-americana e obtém-se uma noção da salada de povos, interesses e forças que lutam no Oriente Médio.
Contudo, essa realidade ainda se mostra pouco relevante para o cidadão comum e por isso é necessário que essas notícias sejam acompanhadas com um certo nível de atenção, pois, apesar de tão remota, essa região nos leva a refletir sobre a nossa própria realidade: sim, o país passa por uma séria crise econômica e política, mas nossos governantes não contam com uma garantia de poder perpétuo e podem sofrer cassações e impedimentos, como testemunhamos recentemente com Dilma e Cunha; sim, o Brasil possui índices altíssimos de violência, mas com as políticas públicas e as ações militares corretas, eles podem ser consideravelmente diminuídos, diferentemente de países cujos episódios bélicos são financiados pelo próprio Estado e vivem sob a constante e genuína ameaça de ataques aéreos e bombardeios, sem previsão alguma de um cessarfogo, como é o caso da Síria.
Portanto, nossa nação tem muito que melhorar, mas devemos também considerar o quão pior ela poderia ser. Cabe ao povo escolher, através do seu direito ao voto secreto e universal, os representantes que julga capazes de enfrentar os desafios econômicos e sociais vividos no país, e a estes, realizar a tarefa que lhes foi incumbida.
A garantia de podermos fiscalizar e cobrar resultados dos nossos chefes de Estado já é um grande avanço com relação a outros países, e devemos pensar no verdadeiro inferno que vivem os oprimidos e calados em uma nação sem direitos e liberdades, antes de desperdiçarmos nosso voto e nossas prerrogativas de cidadão brasileiro.
Carla Cristina da Silva Almeida é estudante e professora de inglês