Pétalas de rosas e amido de milho são alguns dos ingredientes da receita de biscoitos feita a partir de rosas, criada pelo aluno do curso de Agroindústria da Fatec de Capão Bonito, Jonatan Jesus Cacciacarro, de 34 anos.
A receita foi premiada e reconhecida como projeto inovador durante a Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps), realizada no mês de novembro, em São Paulo.
De acordo com Jonatan, a ideia do biscoito surgiu durante um trabalho realizado no curso de A-groindústria na Faculdade de Tec-nologia (Fatec) em 2014, quando ainda estava no segundo semestre do curso. “Com a alta do uso das flores na culinária e dos alimentos gourmet pensei em fazer essa receita. Sempre trabalhei com salgado, então, quis inovar e ir para o doce. Inicialmente pensei no biscoito de rosas com a geleia de rosas, o que chamei de ‘par perfeito’ no projeto. Mas como a geleia de rosas já existe, fui orientado a focar somente no biscoito”, diz.
De acordo com ele, o doce foi aprovado em testes sensoriais feitos com voluntários. “Fizemos dois testes, um às cegas e outro às claras. No caso do teste às claras, falamos para o voluntário comer o doce e avaliar de 1 a 9 o sabor, crocância, maciez, aroma e outras características. Já no teste às cegas, o voluntário dizia se o doce estava aprovado ou não. Tivemos mais de 80% de aprovação nos dois testes”, conta.
Além disso, foram sete tentativas diferentes até chegar a atual receita. “Eu estava confiante no que estava fazendo, porque sabia que seria algo novo. Em nenhum momento pensei em desistir, mesmo tendo que fazer sete tentativas. Mas no final deu tudo certo”, afirma.
O biscoito é feito de pétalas de rosas, amido de milho, água de rosas e outros ingredientes “secretos”. “A rosa é comestível, porém é preciso que ela não tenha recebido doses de agrotóxico. Usei a água de rosas, que é a extração do aroma e sabor das pétalas de rosas com água. Esse produto aqui no Brasil é muito caro, por isso importei dos Estados Unidos, pois fica mais barato. Misturei a água de rosa com amido de milho e outros ingredientes, entre eles as pétalas de rosas, para fazer a receita. Sobre qual tipo de rosa usei, eu passei muito tempo estudando para achar um tipo específico. Mas não posso falar qual é”, diz.
Sobre o sabor do biscoito, o chefe tem dificuldades para explicar. Porém, garante que é único e saboroso. “Ela tem gosto de rosa. É como se você estivesse comendo o mesmo que você cheira. Ele é doce, mas tem um sabor único, exclusivo mesmo, não há nada parecido com ele”, ressaltou.
Prêmio
A receita do biscoito foi apresentada na Fetesp com orientação do professor Carlos Rodrigo Volante e auxílio dos colegas de classe André Aquino Pereira e Felipe de Queiroz. A apresentação na feira serviu como projeto final do curso de Jonatan.
“Eu confesso que não imaginava que uma ideia pudesse me trazer um prêmio de inovação na Feira da Fatec. Eu não tinha expectativa, pois tinham muitos projetos inovadores lá e fiquei muito feliz quando nos informaram que o biscoito havia ganhado na Feira. Foi muito legal ver as pessoas na Feteps curiosas em relação ao sabor e depois aprovando o biscoito. Há uma estranheza quando se fala que é de rosas, mas depois todo mundo gosta. É uma alegria sem tamanho saber que as pessoas aprovaram algo que você criou. Minha família, então, está super orgulhosa”, ressaltou.
Ainda segundo Jonatan, o biscoito é uma oportunidade de produzir alimentos industriais. “Tenho 14 anos de experiência como chefe de cozinha, então o biscoito de rosas é uma oportunidade para eu começar a produzir alimentos industriais. Já penso até em outros sete sabores para a marca. É um recomeço para mim”, completa.
Futuro
Para o futuro, Jonatan pensa em comercializar o doce gourmet, que já o denominou de “Roseto”. Segundo ele, o biscoito deverá ter um preço aproximado de R$ 7 por cada unidade com 170 gramas de biscoito.
“Ele ficaria cerca de R$ 2 a R$ 2,50 dos biscoitos tipo cookie tradicionais que achamos no mercado, que vão de R$ 3 a R$ 5. Temos que cobrar esse preço devido ser um alimento artesanal, não produzido em grande escala e também por ser do ramo gourmet”, diz.
Inicialmente, a ideia é começar a fabricar o doce artesanalmente na Fatec em Capão Bonito e vender os pacotes do biscoito na cidade e região. “Como ganhar a feira da Feteps permite que a ideia receba investimento para começar e a Fatec permitiu que a gente faça o projeto lá por três meses, estamos trabalhando para começar a fabricação em fevereiro do ano que vem”, conta.
E o chefe de cozinha afirma que uma nova receita está por vir. “Não posso falar agora, mas já estou estudando e fazendo outra receita inovadora”, contou.