Todos são especialistas em governar.
Há diagnósticos e receitas para todos os problemas do convívio. Nesse campo, estou com Goethe: “O melhor governo é aquele que nos ensina a governarmo-nos a nós mesmos”. Ou seja: a base de tudo é a educação. Não se confunda “educação” com “escolarização”. O Brasil conseguiu a universalidade do acesso à escola. Pode haver alguma deficiência localizada, mas sempre corrigível. Ninguém fica sem vaga, se realmente quiser estudar. Já o “querer estudar” esbarra numa série de fatores. Sob argumento de que a escola é desinteressante, há muita evasão. Também não se conta com a autoridade familiar, para a qual a frequência às aulas era uma obrigação insuscetível de questionamento.
Os valores sofreram profunda mutação. Alguns desapareceram. Outros agonizam. Vasta parcela da juventude é atraída para uma vida que a verdadeira educação abomina. Menos mal é a geração “nem-nem”, nem estuda, nem trabalha, se cotejada com o recrutamento para a delinquência.
A droga vence batalhas seguidas e não se chega a um acordo se é mais eficiente liberá-la ou continuar a perseguição cujo foco é o infinito exército de pequenos usuários e traficantes desprovidos de significância. Quem controla esse comércio tão lucrativo? Quem é que dele aufere os inimagináveis frutos financeiros, a sustentar uma cadeia nefasta de destruição da juventude brasileira?
Como provar à criança e ao jovem que estudar, trabalhar e enfrentar dificuldades é mais proveitoso do que se entregar ao lucro fácil do comércio de entorpecentes? Missão quase impossível no momento em que mal predomina e compensa, desdizendo o brocardo de que o crime não compensa.
O aprendizado é árduo e tem-se a impressão de vários retrocessos em lugar de avanço. Resta à lucidez que ainda não perdeu a esperança, mostras às novas gerações que o Brasil pode ser melhor do que tem sido. E isso depende de nós, não do governo.
Aprendamos a saber o que nos interessa e a lutar por isso.
José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo