Quando se pensa que o fim do poço chegou e agora é só iniciar a escalada, chegam novas notícias terríveis. Desemprego se acelera no primeiro trimestre. Já não são mais dez milhões de desempregados. Agora já são 11,1 milhões de desempregados! E a tendência ainda é piorar mais este fatídico 2016. Não sei se as pessoas se dão conta do que isso significa. A taxa de desemprego é calculada apenas sobre aqueles que estão à procura de emprego. Na verdade, o número é muito maior. Acrescente-se a ele a legião daqueles que, desesperançados, já não procuram. Cansaram de estar em filas, de enviar currículo e não conseguiram emprego.
Multiplique-se esse número por eventuais dependentes dos desempregados. Muitos são pais de famílias. Têm mulher e filhos para sustentar. Têm de fazer face às despesas correntes: alimentação, moradia, trans-porte. Têm de pagar as chamadas “utilidades públicas”: luz, água, gás, energia e elétrica. O que farão? Não há sinais claros de reversão da economia. Há um grande compasso de espera. Por isso, até o fim do primeiro semestre a taxa de desemprego crescerá a um ritmo bem forte. A leitura desse quadro merece toda a atenção por parte da sociedade. Não é uma questão político-partidária. É um tema social, que nos distancia do ideal da edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária.
O momento presente impõe uma reflexão madura e sensata. Cada qual deve se perguntar o que deve fazer para minorar as consequências daquilo que está sendo considerado o fenômeno do “cemitério de fábricas” e “velório de lojas”.
Basta percorrer São Paulo e verificar o que está acontecendo com o dinamismo de nossa vida comercial, o esvaziamento de nossos shoppings, a redução do consumo daqueles que se acostumaram a um frugal lazer de fim de semana.
O que podemos fazer para superar essa crise, para dar esperança ao desemprego e para ajudar o Brasil a ser reerguer e a mostrar que ele é muito maior do que essa nefasta crise?
José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo