Em junho de 1982, o Santo Padre João Paulo II procedeu a sua primeira canonização na pessoa de Frei Crispim, irmão leigo capuchinho, nascido em Viterbo, Itália, a 13 de novembro de 1668.
Ficando órfão de pai desde pequeno, Crispim passou aos cuidados de um tio paterno, frequentando com muito proveito a escola primária dos jesuítas, sendo por estes admitido como aprendiz de sapateiro. Mais tarde, o jovem Pedro, tal era seu nome de Batismo, ao participar de uma procissão realizada em Viterbo, impressionou-se com a piedade dos noviços capuchinhos e, tocado pela graça, a 22 de julho de 1693, ingressou no noviciado da Ordem dos Franciscanos tomando o nome de Crispim.
A sua vida como religioso transcorrera por 57 anos, totalmente consagrado ao serviço de Deus e depois aos irmãos, principalmente dos mais necessitados. Não foi sacerdote, permanecendo sempre humilde irmão leigo, nos serviços mais simples em sua comunidade. A missão de São Crispim, simples frade capuchinho, cozinheiro, enfermeiro e depois por quase quarenta anos, esmoleiro em Orvieto, a serviço do seu convento. Assim como Jesus, levou uma vida simples, humilde, escondida e laboriosa em Nazaré.
Cada Santo tem seu carisma, pelos quais transmite sua mensagem de bem e de santidade.
O próprio papa na homilia da canonização frisou estes aspectos com as seguintes palavras: “Em primeiro lugar a santidade que desejo ressaltar em São Crispim é a da alegria. A sua amabilidade era conhecida a todos quantos dele se aproximavam e a paz de Deus, que ultrapassa toda inteligência, guardava o seu coração e seus pensamentos”. Crispim costumava dizer: “Quem ama a Deus com pureza de coração, vive feliz e depois morre contente.”
Uma segunda atitude exemplar é certamente a sua heróica disponibilidade para com os irmãos, como também para com os pobres e necessitados.
Deve-se dizer principalmente a preocupação de Frei Crispim, quando humildemente mendigava os meios de subsistência do convento, tornando-se a expressão viva da caridade.
Outro particular de sua vida simples e santa foi a de praticar a catequese itinerante.
Tempo de mendicidade era tempo de evangelização. Também destaca-se a sua vigorosa devoção à Maria Santíssima, que ele chamava de minha Senhora Mãe.
Aos que solicitavam sua oração costumava dizer: “deixe-me falar um pouco com minha Senhora Mãe e depois volte”.
Resposta simples, mas totalmente penetrada de sabedoria cristã, que demonstrava total confiança maternal em Maria.
Amava a Deus e aos pobres e cheio de confiança à Providência, a serviço de todos os necessitados, distinguiu-se pela sabedoria de seus inspirados conselhos e excepcional serenidade de espírito no desempenho dos serviços mais humildes.
“O cabo da vassoura é instrumento tão válido para a santidade como o cajado do Pastor Supremo”, costumava dizer o Papa João Paulo XXIII.
Gravemente enfermo, durante o inverno de 1748, foi levado a Roma para tratamento, onde veio a falecer a 19 de maio do mesmo ano. Proclamando beato por Pio VII, em 1806, teve sua glorificação plena no pontificado de João Paulo II.