Muitos eleitores reclamam que a política é um reino contaminado e não há mais gente séria nesse ambiente. Não é verdade. Há muitos políticos honestos, mas grande parte deles, ai sim é verdade, desistindo de oferecer seu passado e sua honra para a política, exatamente porque só encontram dificuldades.
O Brasil está mergulhado numa crise que começou preo-cupante, passou a ser dramática e chegou a ser trágica.
Primeiro cortou-se a gordura, depois a carne, agora raspa-se a ossatura. Tudo se contingencia, a arrecadação não cresce. Ao contrário: míngua aceleradamente.
O que fazer para atender a uma demanda crescente? A generalização é perigosa. Afirmar que não sobra ninguém digno de confiança no cenário da República é um exagero nefasto e contraproducente. Ainda não se descobriu outra fórmula de administrar o interesse coletivo, se não através da política partidária no modelo representativo. Bem que o constituinte de 1988 acenou com outro modelo: a democracia participativa. Mas poucos os que querem participar. Pois dá trabalho. Significa inteirar-se dos problemas e procurar solucioná-los.
O Brasil é integrado pela União, Distrito Federal, estados e municípios. Estes vão renovar ou ratificar seus prefeitos e vereadores no próximo outubro. Esta é a hora de todas as pessoas mostrarem se querem mesmo melhorar o convívio e promover os cargos públicos de maior relevância na cidade – onde todos moram – com pessoas dignas sérias, honestas, com capacidade de trabalhar e de entregar o melhor de si para melhorar a vida de todos.
Não adianta reclamar, xingar, vociferar e dizer que o Brasil não tem jeito, se o exercício do voto for feito sem consciente análise do perfil dos candidatos. Ninguém mora na União, nem no Estado dizia o saudoso André Franco Montoro, professor que nasceu há exatos cem anos. As pessoas moram no município!
A entidade federativa mais próxima e mais importante para todas as pessoas. Por isso mesmo, a maior cautela e o maior zelo na escolha daqueles gerentes da cidade que queremos cada vez mais decente e pronta para hospedar nossos corpos e nossos sonhos.
José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo