A Pátria precisa de amor

José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo

 

O dia da Pátria em 2024 suscita uma reflexão. O Brasil registra um fenômeno peculiar: a sociedade ainda permanece dividida. A polarização fanatiza e faz com que as pessoas percam a capacidade de um diálogo sereno. Desapareceu a tolerância e a ira se impõe como a reação natural a qualquer posição que não coincida com aquela de quem ouve.

A melhor maneira de se celebrar o 7 de setembro é recobrar o juízo. A postura equilibrada de quem consegue ouvir opiniões diferentes, sem se exasperar. Afinal, a heterogeneidade é uma qualidade característica aos humanos. Somos todos indivíduos distintos, cada qual com seu perfil, com sua personalidade, até com suas idiossincrasias. Se os brasileiros se unissem para a missão comum de erradicar a miséria, reduzir a pobreza e o analfabetismo, reflorestar as chagas abertas nos nossos biomas, fazer dinheiro com o crédito de carbono, esta nação seria outra.

Quem é que possui mais de oito mil quilômetros de litoral, o mais belo de todo o planeta e aberto ao turismo durante todo o ano? Quem é que possui a variedade gastronômica, a criatividade artística, o folclore mais sedutor, a gente mais afável e acolhedora deste nosso Brasil?

Se levássemos a sério o turismo, a economia tupiniquim deslancharia como poucas. Se cuidássemos de nossas riquezas naturais, o país seria o destino de milhões de visitantes a cada ano. Mas, para isso, cada brasileiro tem de se responsabilizar por cultivar um clima de fraternidade que é obrigação para todos. O constituinte de 1988 teve a coragem de erigir a fraternidade a um valor jurídico. É uma categoria do direito e, como sujeitos de direito, somos subordinados aos preceitos da Constituição da República.

É preciso recobrar a exata noção do que seja uma República Democrática. O poder renovado periodicamente, entregue a cidadãos eleitos por seus pares, outros cidadãos. Ao eleger pessoas sérias, dignas, com passado limpo e honestidade indiscutível, sobre as quais não pairem quaisquer suspeitas de incorreção, o cidadão estará contribuindo para o aprimoramento da vida pública.  Depois, não é suficiente votar e deixar de acompanhar o trabalho dos eleitos. É dever patriótico fiscalizar, controlar, cobrar, exigir prestação de contas e fidelidade aos compromissos assumidos.

É assim que estaremos edificando um novo Brasil. Unido, coeso, irmanado na tradição de uma origem comum, na vontade de assim permanecer durante todo o tempo em que estivermos nesta frágil e breve peregrinação sobre este sofrido planeta.

Isto é o que deve nos inspirar neste 7 de setembro de 2024. É dentro de nossa consciência que se reconstrói a independência deste povo abençoado, que se tiver mais vontade e juízo, tornará o Brasil uma das maiores potências universais.

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