Abandonando o barco

Este semanário publicou há alguns dias extensa matéria relatando o fato de que muitos prefeitos de cidades da região, mesmo podendo ser candidatos à reeleição decidiram não se candidatar para um novo mandato à frente de suas prefeituras. Este fenômeno também tem se repetido em todo o território nacional.
Este fenômeno merece ser bem analisado, pois é sabido que os políticos, em sua imensa maioria, dão grande atenção a possibilidade de prolongarem seus mandatos e desta forma podem estender seus projetos políticos partidários de poder.
É evidente que a crise que se abateu sobre nosso país afetou duramente a economia dos municípios, principalmente os médios e pequenos como os da região de Capão Bonito, causando grandes estragos nas contas de algumas prefeituras que já não estão pagando os salários dos servidores, fornecedores e tantas outras obrigações.
A desistência da recandidatura dos prefeitos da região também é um sinal de que as novas leis que disciplinam a boa aplicação dos recursos públicos, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, estão fazendo efeito prático já que alguns candidatos desistiram de buscar mais um mandato com a justificativa de que terão que deixar as contas em ordem para os sucessores e não querem passar o poder com dívidas a serem pagas pelos futuros mandatários.
O fenômeno da desistência de se buscar um novo mandato mostra que não há mais espaço na administração pública para políticos que administram de forma amadora e não levam em conta a profissionalização da gestão pública.
Um chefe do Executivo não pode querer gerir seu município da mesma forma como era feito até alguns anos atrás, quando o prefeito despachava dando ordens em papel de pão ou de cigarro, dando tapinhas nas costas e agindo como se a prefeitura fosse uma empresa sua para servir seus amigos e aliados.
Nos dias atuais as exigências para o ocupante do cargo de prefeito são enormes e obrigando-o a ter uma equipe de assessores qualificados e a administrar seu município como se fosse uma empresa obedecendo as regras que disciplinam a boa gestão pública.
Com o aperto das leis e a crise financeira, só sobrou uma solução para estes políticos, desistir de concorrer a um novo mandato, principalmente sob o risco de terem no futuro uma enormidade de processos devido a irregularidades que eventualmente foram cometidas no decorrer de seus 4 anos de mandato.
Felizmente para nós brasileiros, mesmo que à força, estamos vendo ocorrer um filtro na gestão pública de nossas cidades fazendo com que somente aqueles que realmente tenham qualificação postulem cargos no Executivo, embora esta seleção natural não seja garantia de boas administrações, é com certeza uma forma de termos prefeitos mais comprometidos com o respeito ao erário público e as boas normas de administrativas.

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