O acidente ocorrido no último final de semana em Capão Bonito na avenida Lucas Nogueira Garcez que vitimou a jovem Ana Carolina chamou a atenção para a falta de SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) no município.
Moradores que estavam no local do acidente chegaram a relatar que a equipe de socorro do Corpo de Bombeiros demorou a chegar até o local. O comentário de um ex-bombeiro voluntário acabou fazendo com que muitas pessoas questionassem nas redes sociais o porquê da cidade de Capão Bonito não ter o SAMU se várias cidades da região têm este serviço tão importante.
A reportagem de O Expresso procurou a prefeitura para se manifestar sobre o tema, mas mais uma vez não obteve nenhum tipo de resposta.
Para tentar elucidar o caso a equipe de jornalismo ouviu a ex-secretária de Saúde do município de 2017 a 2020, Ana Fernanda Lima, que fez um relato histórico sobre a implantação do SAMU na região.
Segundo a ex-secretária, o SAMU da região de Itapetininga, a qual o município de Capão Bonito está vinculado, foi instalado em 2010 e naquela época o prefeito Júlio Fernando, que exercia seu primeiro mandato, entendeu que os gastos do município seriam altos e preferiu não aderir ao programa e decidiu manter o sistema de ambulâncias mantidas na Administração Regional da Vila Aparecida. Quando esteve à frente da Secretaria de Saúde, Ana Fernanda Lima tentou a partir de 2018 fazer com que o município pudesse fazer parte do SAMU da região, mas encontrava como empecilho o fato de que Capão Bonito não tinha aderido na época certa, em 2010, e para isso precisa a anuência de todos os demais municípios pertencentes ao Comitê Intergestor Regional de Itapetininga.
“A cidade deveria ter aderido em 2010, agora terá que ter anuência de todos os municípios e fazer uma grande articulação porque o convênio regional do SAMU terá que ser alterado devido a não adesão na época certa. O ex-prefeito Marco Citadini estava negociando em 2020 com os municípios da região e tinha apoio da DRS de Sorocaba para tentar colocar Capão Bonito no SAMU. Inclusive a cidade perdeu durante a pandemia a doação de uma ambulância UTI doada pelo Estado por não ter SAMU. Erros do passado que até hoje a população paga o preço”, disse a ex-secretária Ana Fernanda Lima.