Ainda não chegamos lá

José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo

 

O negacionismo não consegue explicar porque 2023 foi o ano mais quente em 125 mil outros. Nem porque chuvas torrenciais caem num pequeno território, ocasionando inundações e enchentes que ali não ocorriam antes. Mas a verdade científica é que o aquecimento global é causado pela ação humana. Insensato, o bicho-homem transformou o planeta em uma espécie de panela de pressão. Vai esquentando, até explodir.

Há remédio para mitigar o aumento da temperatura da Terra. Reflorestá-la. Devolver a ela a cobertura vegetal que destruímos. Mas numa escala gigantesca. E isso não está sendo feito. Ao contrário, o extermínio de todos os biomas acelera-se no Brasil que foi abençoado com tantas florestas.

O fenômeno “El Niño” é incontrolável por ação humana. Assim como “La Niña”. Tentativas audaciosas, como a de um engenheiro americano que desenvolveu tecnologia para clarear as nuvens e refletir alguns dos raios do sol de volta ao espaço, forma de resfriar temporariamente o planeta, são respostas microscópicas para um problema que é macro.

Ressalve-se a boa vontade do engenheiro Matthew Gallelli, que fez essa experiência na baía de São Francisco. Mas acreditar que isso possa dissipar o acúmulo de dióxido de carbono que aquece o mundo e prejudica a camada de ozônio é difícil. Investe-se bastante nos esforços de remoção de gases venenosos, causadores do efeito estufa, assim como na adição de ferro ao oceano, tentativa de armazenar o dióxido de carbono no fundo do mar.

A geoengenharia solar e demais fórmulas de intervenção climática ainda são promessas descumpridas. Todavia, existem remédios ao alcance de todos. O primeiro deles é reflorestar a Terra. O mundo precisa de um trilhão de novas árvores. O Brasil precisa de um bilhão. E a cidade de São Paulo, pelo menos mais um milhão.

Não é impossível utilizar-se de todos os espaços disponíveis e neles enterrar mudas de árvores das espécies nativas da Mata Atlântica. Dela, só temos resíduos. Fomos inconsequentes e insanos ao ponto de extinguir o maior tesouro com que se podia contar: as temperaturas amigáveis de um cobertor verde, garantidor de amenidade saudável, em lugar do calor infernal.

Por que não fazer uma grande cruzada e envolver todos os habitantes de São Paulo nesse movimento salvífico de garantir a sobrevivência da humanidade sobre o solo terrestre?

 

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