O auxiliar de enfermagem Antonio Carlos Matos, de 28 anos, que foi morto ao ser esfaqueado por um paciente com problemas psiquiátricos no dia 07 de julho foi enterrado em Guapiara no final da tarde do dia 08/07, no Cemitério da Paz.
Segundo o diretor do sindicato da categoria, Antonio Carlos aplicava medicação em um paciente de uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), no bairro do Éden, em Sorocaba, quando foi atingido por uma facada no tórax.
O auxiliar de enfermagem chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
A Polícia Militar afirmou que Matos conhecia o autor, já que realizava o atendimento na casa dele quinzenalmente. No entanto, durante um surto, o paciente se trancou com o auxiliar de enfermagem em um quarto e o esfaqueou. O suspeito foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) com restrição psiquiátrica, assim, ficará separado dos outros detentos.
Tragédia anunciada
O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sind-saúde) classificou como “tragédia anunciada” a morte do auxiliar de enfermagem de 28 anos esfaqueado por um paciente com problemas psiquiátricos. “Ele foi lá para salvar uma vida e encontrou a morte”, afirmou o presidente do Sind-saúde, Milton Sanches.
O caso gerou, inclusive, uma discussão entre as entidades do setor sobre a maneira com que estes cuidados são realizados. De acordo com o presidente do sindicato, as faltas de condições adequadas de trabalho podem ter levado a morte do profissional.
“Há uma preocupação grande não só do setor de psiquiatria, porque nós (funcionários da saúde) estamos trabalhando sem condições e sem segurança nenhuma. Nós pensamos na saúde dos pacientes, nas famílias, já que a mãe desse rapaz deve estar sofrendo muito. Mas queremos que procurem uma solução no sentido de dar estrutura aos casos graves porque igual a ele tem muitos”, afirmou.
Já para o membro do Fórum de Luta Antimanicomial de Sorocaba, Lúcio Costa, o caso é considerado ‘isolado’ e deve ser apurado. “É impossível, do ponto de vista científico, associar que a pessoa com transtorno mental seja mais violenta que as outras. Nós lamentamos o que aconteceu, mas não se pode associar isso com esse episódio que teve um desfecho muito triste”.
Costa lembra ainda do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o Ministério Público e os governos federal, estadual e municipal em 2012 e que prevê o fim dos hospitais psiquiátricos. Na chamada desinstitucionalização, os pacientes devem ser levados para a casa de parentes ou para Residências Terapêuticas.
“A repercussão do caso tem tomado uma proporção muito ruim para aqueles que estão sendo desinstitucionalizados. A desinstitucionalização tem avançado, pessoas têm resgatado a capacidade de viver com cidadania, preservar os seus direitos”, afirmou.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de Sorocaba informou que o paciente envolvido na ocorrência não faz parte do processo de desinstitucionalização de saúde mental colocado em prática na cidade. “Estamos empenhados em fazer o levantamento das informações sobre o caso, que é pontual, envolvendo a morte do auxiliar de enfermagem. A secretaria ressalta que continua tratando a questão com toda a devida cautela que a fatalidade requer”, diz a nota.