Briga da vacina

Enquanto o país tem milhares de mortos por Covid 19, e com sério risco de que tenhamos que enfrentar uma segunda onda da pandemia, o nosso presidente da República Jair Bolsonaro dá mais um exemplo de como não deve agir uma liderança nacional a trazer as divergências com o governador paulista João Dória para o campo da ciência, mais precisamente sobre a questão dos testes da vacina de Coronavírus que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantã e empresa chinesa Sinovac.
Nitidamente o presidente da República interferiu com suas declarações, deixou claro que fará um enfrentamento político com o governador do maior Estado do país e hoje seu adversário político sobre um tema que deveria ser tratado de forma técnica entre Anvisa e instituto, que ao longo de décadas prestou relevantes serviços ao país.
Politizar questões técnicas sobre os testes da vacina e com isso diminuir a credibilidade dos estudos que estão sendo feitos pelos cientistas de vários países do mundo é algo que deixa de ser razoável e passa a ser até uma infantilidade para quem está ocupando um cargo tão importante.
Neste momento em que milhares de brasileiros perderam a vida, que uma doença nova afeta todo o mundo causando estragos na economia de todos os países do mundo, gerando desemprego e dificuldades para milhões de pessoas, não seria razoável levar a discussão sobre o tema para a esfera da política.
O que precisamos neste momento é que haja união entre governadores e presidente para que o país tenha acesso o mais rápido possível a uma vacina segura para que a população possa ser imunizada contra a doença. Se existem algumas dúvidas sobre testagens, procedimentos e outras questões relacionadas ao tema, que isto fique a cargo dos cientistas que certamente saberão encontrar as respostas necessárias para que tenhamos uma vacina segura e que cumpra seu papel de proteger a todos contra esta terrível doença que já matou milhões de pessoas em todo o planeta.
Não importa para ninguém se a vacina é chinesa, inglesa, russa ou americana, o que importa é saber se ela é segura e se vai fazer o seu papel. Também é importante salientar que o Instituto Butantã que tem décadas de serviços prestados ao país e seu quadro técnico não permitiria que neste momento de combate a esta doença fosse usado para ser objeto de disputa política entre o governador Dória e o presidente Bolsonaro.
Neste momento de enfrentamento da doença o que estas duas importantes lideranças deveriam fazer era deixar de lado suas divergências e deveriam pensar naquilo que é mais importante que é salvar vidas.
O que deve ser colocado em primeiro lugar na busca por um medicamento é a ciência e as disputas políticas que sejam feitas no tempo e momento certo.
Dória e Bolsonaro que já foram aliados terão sua chance de se enfrentar nas próximas eleições em 2022 e ai sim poderão apresentar cada qual as suas “propostas”.
Por enquanto seria ótimo se não atrapalhassem aqueles que verdadeiramente lutam por salvar vidas no país, o Brasil e os brasileiros certamente agradeceriam.

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