Capão Bonito e região registram recorde de frio

A maior onda de frio dos últimos 20 anos. É assim que vem sendo considerada a massa de ar polar que se intensificou entre os dias 09 e 13 de junho em Capão Bonito e região sudoeste. Capão Bonito registrou média mínima de 4 graus durante quatro dias consecutivos e teve temperatura negativa na segunda-feira, -1°C.
Foram registradas geadas intensas em várias cidades da região. Em Apiaí, camadas grossas de gelo tomaram conta de veículos, vários espaços públicos e pastagens na zona rural.
Em Capão Bonito, as geadas também deram uma tonalidade branca aos telhados de casas, plantações e pastagens às margens de rodovia.
Com muito bom humor, apesar do frio intenso, internau-tas registraram o recorde de frio em redes sociais e compararam a onda de frio com o “Alaska” nos Estados Unidos.
“O pior é que o inverno nem começou, ele começa no próximo dia 21, ou seja, em tese podemos ter uma onda de frio ainda pior”, destacaram moradores da Vila Aparecida espantados com a quantidade de geada na última segunda-feira, nas imediações da Vila Aparecida e Jardim da Amizade.
As geadas também puderam ser vistas com intensidade nas regiões da Vila Santa Rosa, Boa Esperança e Jardim Vale Verde, além da zona rural do município.
Uma das cidades mais castigadas pelo frio na região foi Itararé, que chegou a registrar nos termômetros -2,8° de acordo com dados do CIAGRO.
Segundo a diretora do Polo de Desenvolvimento do Agronegócio de Capão Bonito – APTA, dra. Vera Lúcia Paes, o polo tem uma Estação Meteorológica e está verificando a média histórica para se ter um parâmetro de quanto foi o recorde de frio.
“Tivemos um atraso no plantio de algumas culturas no polo e isso minimizou os impactos das geadas. O milho foi levemente afetado, já o feijão sentiu mais. Produtores com certeza tiveram culturas afetadas. Há um lado positivo também das geadas, que podem reduzir a incidência de pragas”, afirmou a diretora do Polo à reportagem d’O Expresso.

Geada provoca prejuízo
Os efeitos do frio intenso também devem ser sentidos no bolso dos consumidores nos próximos meses, com a feira ficando bem mais cara.
Em São Miguel Arcanjo, por exemplo, os produtores rurais Matheus Lolo Brígida e Vanderlei Nunes Correa estimam sofrer juntos R$ 550 mil de prejuízo com a geada entre a noite de domingo, dia 12, e a madrugada da última segunda-feira, dia 13.
Brigida teve uma perda maior, chegando a R$ 300 mil. Segundo ele, 50% do pepino, pimentão e tomate plantados em estufas foram arruinados. “Vou esperar um ou dois dias para ver o que sobrou, tirar e semear de novo o mais rápido possível para não perder tempo”, lamentou.
Com o frio antecipado, o arroz com feijão de cada dia também ficou mais caro nesta semana.
Antes empregado como sinônimo do básico no prato do brasileiro, hoje, esses dois alimentos juntos representam um aumento indigesto de aproximadamente 100%.
O arroz até que não subiu tanto assim, mas o preço do quilo do feijão vem assustando o consumidor, que está optando por substituições.

Prejuízo de 30 a 40%
nas plantações de trigo
Conforme informações levantadas pela reportagem d’O Expresso junto à Cooperativa Agrícola de Capão Bonito e Secretaria de Agropecuária, a estimativa é de que as geadas ocasionem uma queda de produção de 30 a 40% nas plantações de trigo no município.
“Não há muito o que fazer depois de intensas geadas como as que foram registradas no último final de semana. A geada provoca deficiência no desenvolvimento do grão e a queda de produtividade será acentuada”, afirmou a Secretaria de Agropecuária de Capão Bonito.

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