Um espaço dedicado à memória de Faustino Cesarino Barreto, ex-prefeito de Capão Bonito.
Uma passagem conta que Faustininho, enquanto Vereador, fez uma denúncia, datada de mão própria, em 23 de novembro de 1965, endereçada ao General Gouberi de Couto e Silva, Chefe do temido Serviço Nacional de Informação, o SNI.
O vereador já tinha ido à São Paulo, prestar declarações como testemunha ocular, na Polícia de Segurança Nacional, a respeito do processo “FAB – Contrabando do Paraguai por Capão Bonito”, sobre o desbaratamento de um campo de pouso de avião clandestino numa fazenda local.
Pedia uma apuração rigorosa e célere do caso. Ao final da carta assina afirmando que é professor e vereador desta cidade.
A pista de pouso clandestina foi construída numa fazenda com máquinas da prefeitura, de graça, além de uma estrada de 20 quilômetros que deu acesso ao rio que passava no sítio, apenas para lá fazerem uma ceva para pescaria.
Chegavam aviões com cigarro e uísque contrabandeados para serem transportados por peruas até Campinas. Uma das peruas apreendidas na fazenda, era registrada em nome Darcy Ribeiro Barbosa, conhecido contrabandista da época.
Diante da gravidade dos acontecimentos, o vereador Faustino chegou a pedir a cassação do Prefeito e pedir uma urgente investigação pelo uso de máquinas e funcionários da Prefeitura na construção da pista clandestina.
O jornal “O Estado de São Paulo”, de 17/08/1965, chegou a estampar uma matéria “FAB desarticula rede de contrabando”.
Em plena Ditadura Militar, fazer denúncias era um grande risco, ainda mais de contrabando que, no caso do estado de São Paulo, haviam policiais civis e militares envolvidos, além de funcionários da Secretaria de Segurança Pública.
Faustino exerceu a voz pública no espaço cívico, que é algo que está em falta em nosso país, tendo déficit de democratas e o Presidente Bolsonaro, nadando de braçada, ataca o sistema de freios e contrapesos, derruindo -o a cada investida, que é o meio sofisticado de agir da mais recente onda dos populistas autoritários.
Demovê-lo da presidência por meio legais é preciso pois, num segundo mandato, cairemos num regime iliberal, ao estilo e algumas proporções que fez Hugo Chavez, tendo Bolsonaro transformado as Polícias Militares em uma guarda pretoriana bolsonarista, uma milícia particular a seu comando. Perigosíssimo.
Rafael Ap. Ferreira de Almeida, advogado