Diversidade combina com liderança e o Crea-SP é exemplo disso

Lígia Mackey é engenheira civil e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP); Marilia Gregolin é engenheira agrônoma e vice-presidente do Crea-SP

 

Na contramão do movimento internacional, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) tem, agora, duas mulheres na liderança para 2025. Enquanto a pauta de diversidade, equidade e inclusão (DEI) perde força – uma sequência de derrubadas dos departamentos tem sido observada em grandes empresas pelo mundo desde o ano passado – o cenário para as profissões de Engenharia, Agronomia, Geociências, Tecnologia e Design de Interiores tem um vislumbre diferente em São Paulo.

Eleita em 2023 para presidir o maior conselho de fiscalização profissional da América Latina, tenho agora, ao meu lado, uma outra engenheira para compartilhar essa missão. Depois de um primeiro ano de gestão marcado por intensa transformação e avanços em busca da eficiência dos serviços do Crea-SP, vimos a oportunidade de diversificar ainda mais os olhares sobre as nossas demandas. A área tecnológica, como chamamos as profissões citadas, e que são abrangidas pelo Conselho, sempre foram majoritariamente masculinizadas. Isso porque, historicamente, os homens tiveram acesso à educação superior antes das mulheres. A questão, no entanto, não está no passado. O ponto central é o trabalho que fazemos hoje para superar desafios e seguir fomentando tais profissões, posicionando-as como peças-chaves do desenvolvimento socioeconômico sustentável de nossas cidades, estados e país. Até março do ano passado, discutíamos o impacto que as gestões femininas têm para a saúde organizacional e para o desempenho dos negócios. Os dados nos mostravam, naquele momento, que mulheres C-Level eram mais bem avaliadas por seus funcionários (metade deles afirmou que elas conduziam uma gestão excelente, contra 43% quando os avaliados foram os homens). A pesquisa, conduzida pela FIA Business School com mais de 150 mil participantes de 150 empresas, revelava ainda que 79% dos entrevistados confiavam totalmente em suas CEOs (ante 72% que disseram o mesmo para os CEOs). Será mesmo então que é hora de deixar de falar de diversidade, equidade e inclusão? Há poucos meses – em setembro, para sermos mais exatas -, o estudo Women in the workplace, em sua décima edição lançada pela McKinsey em parceria com a ONG LeanIn, mostrou que negócios que investem na pluralidade de gênero têm mais chances de sucesso. O levantamento feito com 281 organizações mostrou que aquelas que tinham representatividade feminina entre líderes registravam lucros acima da média. As chances disso, afirmava a pesquisa, eram de 25%. Em meio ao mercado, 25% pode ser a viabilidade financeira para a sobrevivência de um empreendimento ou marca. Já no âmbito do Crea-SP, o reflexo disso tem potencial de alcançar os 370 mil profissionais e as 95 mil empresas que temos registrados. Por isso, como profissionais que escolheram a Engenharia para seguir carreira, somos analíticas ao dizer que é nosso dever reforçar a importância desses números. Como pessoas em cargos de liderança, somos estratégicas ao afirmar que o nosso compromisso é também dar visibilidade ao tema.

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