A recente reforma do Ensino Médio proposta pelo governo Temer reaqueceu o debate a respeito do sistema educacional brasileiro. Surgiram críticas e elogios às mudanças que afetam o conteúdo e a carga horária das aulas e procuram solucionar as notáveis falhas pedagógicas do ensino atual, as quais levam grande parte dos estudantes matriculados a abandonarem o segundo grau.
Contudo, a era de informatização pela qual passamos convida-nos a refletir sobre as fronteiras entre responsabilidades governamentais e individuais com relação à nossa própria instrução.
O monopólio escolar do conhecimento foi radicalmente modificado pelo advento da internet, pois os colégios deixaram de ser a única fonte de ciência para um estudante disposto a aprender.
Os milhões de terabytes de informações disponíveis na rede, escritos em diversos idiomas e sob os mais variados pontos de vista, permitem ao indivíduo insatisfeito com o ensino oferecido por sua escola expandir seu discernimento a respeito de assuntos científicos, históricos ou políticos em seu próprio ritmo de aprendizagem e sem grandes custos.
Embora tal conexão não esteja disponível a todos, já passa de 57% o contingente de cidadãos brasileiros com acesso à internet através de smartphones. Logo, adquirir erudição e aprimorar as habilidades profissionais passa a ser uma responsabilidade intrínseca ao uso de dito recurso.
Porém, a escola continua a ser a pedra angular do ensino, pois a internet deve servir apenas como complemento à experiência do aprender em sala de aula, uma vez que a convivência com diferentes pessoas e realidades durante os anos de estudo ajuda a formar indivíduos mais tolerantes e dialéticos.
Portanto, o problema da educação no Brasil é longevo e multifacetado, mas as novas tecnologias apresentam uma alternativa ao modelo tradicional de ensino ao promover uma democratização do saber.
Cresce, assim, o número de pessoas capazes de compreender o funcionamento das máquinas burocráticas e administrativas que controlam o nosso cotidiano e de contribuir cada vez mais para o aprimoramento destas através de uma participação política séria e comprometida com o bem-estar geral.
Carla Cristina da Silva Almeida é estudante e professora de Inglês