A empresa TCI Projetos e Construções Eireli com sede na rua Santos Dumont na cidade Macapá, capital do Estado do Amapá, receberá mais de 4 milhões de reais para fazer duas obras para a prefeitura de Capão Bonito.

A empresa que tem sede na região norte do país, a mais de 2.600 quilômetros de Capão Bonito, foi vencedora de duas licitações, para construção da nova sede da Administração Regional da Vila Aparecida que custará R$ 2.510.553,14 e da ampliação da escola Anair Bestel, também na Vila Aparecida, mas este no sistema modular em Steel Frame. No total, a empresa da região norte do país será contemplada com R$ 4.031.099,95, (quatro milhões, trinta e um mil e novena e nove reais e noventa e cinco centavos) caso não haja nenhum aditivo que possa aumentar os custos da obra.

Esta não é a primeira empresa de fora do Estado que tem sido contemplada com obras na atual gestão do prefeito Júlio Fernando, do PODEMOS, no final do mês de março e início de abril o município fechou contrato com a empresa Ibiza Construtora Ltda do Estado de Goiás para obras de pavimentação que custarão ao município mais de 3,2 milhões de reais. Ao todo estas duas empresas do Amapá e de Goiás receberão dos cofres municipais de Capão Bonito a quantia de R$ 7.298.153,59.

Chamou a atenção até mesmo de funcionários da prefeitura local que pediram para não ter seus nomes revelados o fato de empresas de outros estados estarem sendo contratadas para fazer obras em Capão Bonito, principalmente pelo fato de o município fazer parte do Estado de São Paulo e inclusive ter garagem e canteiro de empresas de pavimentação com qualificação comprovada na cidade e região, mas estranhamente estas empresa que inclusive prestam serviços há anos para a prefeitura acabaram sendo preteridas na contratação.

No caso da contratação das empresas do Amapá chama a atenção que no mês de fevereiro a prefeitura contratou por inexigibilidade de licitação outra empresa do mesmo Estado a Line Arquitetura e Engenharia por R$ 232.901,39 para que esta faça o projeto de recuperação da escola Sumie Baldissera na Nova Capão Bonito. A contratação da Line na época chamou a atenção exatamente por ter sido uma modalidade que praticamente é uma contratação direta, ou seja, uma escolha da prefeitura. Isso estando Capão Bonito a 225 quilômetros da maior cidade da América do Sul, no caso São Paulo, e que tem centenas de empresas de engenharia que poderiam realizar este serviço.

Dois milhões e meio

para sede da ARVA

A destinação de mais de 2,5 milhões de reais para construção da nova Sede da Administração Regional da Vila Aparecida chamou a atenção e foi alvo de muito comentários nas redes sociais e grupo de notícias da cidade. O questionamento é se realmente a nova sede da ARVA deveria custar este valor até porque atualmente trabalham na estrutura administrativa cerca de 6 a 10 pessoas. Além disso, se a atual administração conseguir implantar o SAMU na cidade, como é sua promessa, este número de pessoas que trabalham na ARVA diminuiria, pois o serviço de emergência de ambulâncias seria repassado para controle do SAMU.

Um funcionário concursado da prefeitura afirmou a O Expresso que os valores estipulados para serem gastos com a construção do prédio da administração regional seriam suficientes para abrigar dezenas de funcionários e não haveria necessidade de um gasto neste valor para a demanda de serviço que é prestado na subprefeitura que atende o bairro. “Será que é necessário um gasto de 2,5 milhões para abrigar cerca de 10 servidores? Não estaria ocorrendo um exagero? Além disso, ser contratada uma empresa do Amapá é estranho ou não?”, disse o funcionário que pediu para não ser identificado temendo ser perseguido.

Moradores contestam se obra seria prioridade

Vários moradores criticaram o fato de a atual administração não dar atenção as verdadeiras prioridades para a cidade. O ex-vereador Heitor da Gelsa disse em suas redes sociais que a Vila Aparecida merece ter uma sede definitiva para a ARVA, mas entende que a população do bairro e da cidade está sofrendo com a constante falta de médicos e com o descaso que tem sido mostrado pela atual administração com a área da saúde. Para o ex-vereador, seria prioritário a contratação de médicos pediatras, clínicos gerais, contratação de exames por parte da prefeitura, do que obras faraônicas. “Minha gente em que mundo vive o prefeito e os vereadores que aceitam isso? Será que não percebem que este tipo de obra não é prioridade?”, indagou o ex-vereador.