Falta de apoio à mineração inibe criação de empregos no Sudoeste Paulista

Os empresários que atuam na área de mineração na região Sudoeste acenderam a luz amarela em preocupação com o novo zoneamento ecológico e econômico que está sendo realizado pela Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente e que pode dificultar ainda mais a reativação da atividade mineral nas cidades que pertencem à região.

A preocupação dos mineradores é que o novo projeto assim que concluído deve ser enviado para a Assembleia Legislativa e, consequentemente, será transformado em lei e isto pode engessar definitivamente a atividade mineral na região.

Dirigentes da associação de mineradores da região Sudoeste já se manifestaram contrariamente pela forma como está sendo conduzido o projeto e agora buscam apoio das lideranças políticas para evitar que o novo zoneamento deixe de incluir a atividade da mineração como sendo possível de ser realizada na região. O que mais revoltou os mineradores da região é que as cidades do Sudoeste foram incluídas numa região que vai de Sorocaba a Botucatu e as reuniões públicas sobre o zoneamento foram feitas em Tatuí e Itapetininga. “Se não colocarmos a demanda da região agora, mostrando que somos o último território com potencial mineral efetivo no Estado, ficaremos totalmente alijados do crescimento econômico de São Paulo para as próximas décadas”, disse o presidente da Associação de Mineradores, Nelson Milan Elias.

Nos últimos anos o potencial mineral da região tem sofrido com as dificuldades impostas pela legislação ambiental, que praticamente sufocaram o crescimento da atividade principalmente após a criação de novos parques estaduais na região, como o PENAP (Parque Estadual Nascente do Paranapanema) em 2012. O cerco e até a discriminação contra a mineração tem sido cada vez mais fortes segundo empresários do setor.

Nas últimas décadas centenas de empresas que atuavam na atividade mineral na região deixaram a atividade por problemas como licenciamentos, econômicos, falta de incentivo e até mesmo estrutura para escoamento da produção.

Em Capão Bonito, por exemplo, a exploração do granito Red Capão que gerava centenas de empregos deixou de existir, em Guapiara e Apiaí várias pequenas e médias fábricas de cal para construção e calcário agrícola, fecharam as portas e mais recentemente em Ribeirão Grande, a fábrica de cimento do grupo Votorantim, que foi construída na década de 70 do século passado pelo então grupo Nassau, parou de funcionar em 2015, causando grande impacto econômico e social na cidade e região. No mesmo município de Ribeirão Grande uma unidade fabril para cimento que estava com sua parte civil já toda construída em área do grupo pernambucano João Santos, também encerrou suas atividades.

Todas essas empresas que pararam de funcionar, em nenhum dos casos a paralisação da exploração ocorreu por falta de matéria prima, sendo que em muitos casos existem reservas de material que podem ser explorados por mais de 200 anos.

Ao andar pela região, a questão do desaquecimento da atividade da mineração é visível, há alguns dias a reportagem de O Expresso percorreu pontos de unidades dedicadas à mineração nas cidades da região e que estão abandonadas há anos e sem nenhuma perspectiva de retomada das atividades.

Um dos locais visitados foi a unidade da antiga indústria mineradora Pratacal, que funcionava às margens da rodovia SP-250, que liga Capão Bonito a Guapiara. No final do século passado a empresa produzia cal e calcáreo em Guapiara, vendia e distribuía para todo o Estado tendo como base final de industrialização a cidade de Sorocaba. Eram dezenas de empregos gerados na fabricação e também no transporte que eram fundamentais para muitas famílias guapiarenses e que hoje só lembram com saudade dos tempos de funcionamento.

“Era até bonito de ver aquele monte de gente trabalhando aqui na Pratacal. Muitas famílias eram beneficiadas e criavam seus filhos graças aos empregos que muitas vezes eram passados de pai para filho na empresa. Hoje temos que conviver com essa tristeza do fim”, disse um morador do bairro Pinheiros que trabalhou na empresa.

Enquanto o Governo do Estado não se atenta ou não conhece o impacto que o asfixiamento da mineração tem sobre os municípios do Sudoeste, a região continua com seus problemas de falta de crescimento e pouca geração de renda.

 

Veja também