As eleições presidenciais americanas sempre foram alvo de interesse internacional, uma vez que seus resultados influenciam a economia e a geopolítica mundial em escalas astronômicas.
Mas o pleito atual, que tem como protagonistas Hillary Clinton e Donald Trump, ocupa um espaço sem precedentes na mídia devido aos escândalos revelados e aos pronunciamentos polêmicos.
Embora existam outros partidos menores, democratas e republicanos disputam a liderança do Legislativo e do Executivo de forma bipartidária desde 1854, quando o Partido Republicano surgiu como opositor da escravidão. Após muitas mudanças de plataforma, a configuração atual apresenta os democratas inclinados para a esquerda, liberais no aspecto social e interventores na economia; já os republicanos são conservadores, defendem um governo compacto que não controla o mercado, e são intransigentes no resguardo de valores cristãos, uma vez que boa parte do seu eleitorado é religioso.
Com o slogan “Make America Great Again” (Tornar a América grande novamente), o republicano Donald Trump argumenta que os Estados Unidos se enfraqueceram com a política dos democratas de acolher imigrantes e permitir que empresas construíssem fábricas no México e na China, porém declarações xenofóbicas e machistas do candidato bilionário receberam grande destaque na mídia e atrapalharam sua campanha. Já Hillary Clinton é criticada por usar um e-mail pessoal quando atuava como Secretária de Estado, motivo pelo qual é investigada pelo FBI, e por escândalos envolvendo seus assessores. Logo, ambos são alvo do desgosto dos americanos: 56% reprovam Clinton e 63%, Trump. Nas redes sociais, os eleitores demonstram uma forte polarização, enquanto muitos condenam o papel da mídia, que intensificou sua cobertura dos defeitos e segredos dos candidatos, até não sobrar espaço para que os tópicos políticos fossem discutidos.
Portanto, independentemente dos resultados desse pleito, fica uma reflexão a respeito de como os veículos de informação devem atuar para promover uma melhor execução das eleições, ao focar nos ideais e propostas dos concorrentes, e não na vida pessoal e nos rumores do passado destes, pois embora caráter e integridade sejam qualidades importantíssimas, o que deve receber destaque em uma campanha é a capacidade de aplicar medidas que melhorem a vida da população e a eficiência profissional dos candidatos.
Assim, evita-se que o principal evento do Estado democrático se torne um reality show no qual surge uma fofoca diferente a cada dia.
Carla Cristina da Silva Almeida é estudante e professora de Inglês