Quando fizemos pesquisas de campo em 2012 sobre a história da Capela da Cruz do Negro, situada no antigo bairro Ouro Fino, em Ribeirão Grande, entrevistamos uma senhora de 80 anos, dona Elisa Aparecida da Costa, moradora da região.
Dona Elisa nos contou uma história antiga do bairro, de que na época da mineração de ouro, das Minas do Paranapanema e Apiaí, algumas pessoas encontraram as margens do córrego “Guapiarinha” do rio “Ribeirão Velho”, no município de Ribeirão Grande, a imagem de “Nossa Senhora da Conceição”.
Contou ainda que a imagem foi trazida até a “Capela da Cruz do Negro” onde ficou por alguns dias, realizando-se rezas.
Depois, foi levada até o bairro Freguesia Velha.
Conforme pesquisas de Carlos da Silveira, do Instituto Histórico de São Paulo, em artigo “Povoamento do Solo Paulista”, publicado no jornal “Correio Paulistano” da década de 30, descreve que o povoamento das Minas do Paranapanema “até 1700, mais ou menos, foi colocado, como capela, à margem direita do Rio São José ou Apiaí Mirim, em território de Itapetininga, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição”.
Continua o historiador que “de 1700 a 1790, esteve no ponto chamado de Arraial Velho” e que “de 1790 a 1850, passou para o lugar denominado Freguesia Velha, à margem direita do Rio das Almas” e que “de 1850 para cá, na localidade atual, de nome Capão Bonito”.
Infere-se do relato e da pesquisa, que a Vila de Nossa Senhora da Conceição era ligada à uma institucionalidade, a Capela, tendo fiéis que contribuíam para sua manutenção, no entanto, houve um tempo que o pagamento do dízimo foi questionado pela Câmara da Vila de Santo Antonio de Apiaí, incluindo queixas dos habitantes da Vila de Paranapanema.
No Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal, consta uma representação à Coroa Portuguesa, datada de 29 de maio de 1791, onde consta uma denúncia “dos oficiais da Câmara da Vila de Santo Antonio, de Apiaí sobre o fato de, tanto os habitantes daquela vila como os de Paranapanema e Xiririca serem obrigados a pagar aos seus párocos, além dos dízimos das côngruas, quantias excessivas para as posses daquele povo.”
“Diz que os ditos vigários não distinguem pobres e ricos, cobrando sempre preços exagerados e chegando a por em praça, para se pagarem dos seus serviços, as palhoças e pequenas searas dos pobres. Por tal motivo se vão despovoando aquelas minas, dado que aí se pagam dízimos, o quinto do ouro, contrato das entradas e ainda, o novo imposto, sobejando fundos para pagar tão grandes ordenados aos seus párocos.”
Eis aqui algumas histórias resgatadas da Vila de Nossa Senhora da Conceição do Parana-panema.
Rafael Ap. Ferreira de Almeida, Advogado