Justiça condena membros da quadrilha de grilagem de terras em Capão Bonito

O juiz da Primeira Vara da Comarca de Capão Bonito numa decisão extensa, com 168 páginas, publicada na última sexta-feira, dia 05, condenou a maioria dos membros da quadrilha que fazia grilagem de terras no município e que foi alvo de uma grande operação da Polícia Civil em 28 de março de 2023.

A operação foi desencadeada após vários boletins de ocorrência de pessoas que alegaram, entre outras coisas, terem sido ameaçadas e pressionadas por membros da quadrilha que diziam ser proprietários de imóveis que eram de propriedades das vítimas. Além das ameaças, foram constatadas a confecção de documentos e escrituras falsas, acesso a documentos públicos e outras várias modalidades de crimes que os membros da quadrilha usavam para ludibriar os cidadãos e até mesmo autoridades locais. Várias das provas colhidas estavam em escritórios e casas dos membros da organização que comprovaram a ação criminosa do grupo, inclusive, a Justiça apontou envolvimento de membros do grupo com a facção criminosa PCC.

Após um exaustivo trabalho de investigação feito pela Polícia Civil, tendo à frente no grupo de trabalho o investigador Alexandre dos Santos, foram analisados pelo Judiciário 29 fatos ocorridos no município em que vários dos membros da quadrilha atuaram, com condenação para 12 pessoas, sendo elas: José Augusto de Souza Rodrigues, Alexandre Feliciano de Oliveira Martins, João Luis Martins, Elder Santos Martins, Geneide Batista de Souza, Dirceu Dell Anhol, Edna Ferreira Rodrigues Dell Anhol, Marcos Antônio Gamarelle, Manoel Teixeira Vaz, Claudemir Siqueira Gerônimo, Wilson Rodrigo da Costa, Diego José Silvano de Almeida. Foram absolvidos pela Justiça as acusadas Edna Cristiane da Cruz Gaudêncio, Maria Honória de Oliveira Martins e Cintia Aparecida da Cruz Gamarelle.

A maior pena foi dada ao advogado José Augusto de Souza Rodrigues que recebeu uma condenação de 44 anos, 4 meses e 14 dias; a segunda maior pena foi de Claudemir Siqueira Gerônimo que foi sentenciado a 18 anos, 10 meses e 1 dia. A supervisora de Ensino Municipal, Edna Ferreira Rodrigues Dell Anhol e seu marido Dirceu Dell Anhol foram condenados a 6 anos e 10 meses de reclusão, por ser funcionária pública do município, Edna Ferreira ainda teve decretada a perda do seu cargo público, que não deverá ocorrer já que ela foi beneficiada ao ter aceito seu pedido de adesão ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) da prefeitura antes de ter sido proferida a sentença.

Os membros da organização que estão presos poderão recorrer à 2ª Instância, mas continuarão encarcerados, aqueles que estão soltos poderão recorrer em liberdade, mas respeitando as medidas restritivas impostas pela Justiça. O réu Diego José Silvano de Almeida por ter sido condenado a 1 ano e 2 meses em regime semiaberto teve expedido seu alvará de soltura.

Procurado pela reportagem de O Expresso, um dos advogados que atuam no caso informou que haverá recurso da decisão do juiz da 1ª Vara de Capão Bonito e entende que as penas diminuirão no Tribunal de Justiça do Estado.

“A pena de 44 anos ao advogado José Augusto foi desproporcional e desarrazoada no nosso entender e tenho convicção que vamos mudar isso no Tribunal de Justiça do Estado”, disse um dos advogados de defesa a O Expresso.

A sentença completa com depoimentos de testemunhas de acusação e defesa estará à disposição dos leitores de O Expresso no site no jornal www.oexpresso.com.br.

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