Metanol: especialistas alertam para riscos em bebidas adulteradas e sintomas de intoxicação

O Ministério da Saúde divulgou na última quarta-feira, dia 8, uma nova atualização sobre os casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Até o momento, o país soma 259 notificações, sendo elas: 24 confirmações e 235 investigações em andamento. Os casos confirmados estão distribuídos por três estados: São Paulo (20), Paraná (3) e Rio Grande do Sul (1). Em São Paulo, cinco mortes foram confirmadas.

O metanol é um álcool industrial, visualmente idêntico ao etanol das bebidas comuns, mas extremamente tóxico. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas, quando o metanol entra na corrente sanguínea é transformado em ácido fórmico, substância que diminui a oxigenação das células e é altamente tóxica. “A toxidade somada à falta de oxigênio, atacam o nervo óptico desencadeando neurite óptica. Caso a doença não receba o tratamento adequado durante a fase inicial ou aguda, causa a perda irrecuperável da visão. Já a intoxicação sistêmica causa sérios danos ao fígado, rim, coração, pâncreas e até alterações na camada externa do cérebro que caracterizam a esclerose múltipla, levando ao óbito”, explica.

O especialista diz que os sinais de alerta sempre indicam uma emergência médica, mas, geralmente só surgem entre 12 e 24 horas. Isso porque, o álcool etílico das bebidas torna o metabolismo do metanol mais lento. “Nos olhos, os primeiros sintomas são: visão turva, fotofobia e dor retrobulbar ou ao movimentar os olhos. Os sintomas sistêmicos mais frequentes da intoxicação elencados pelo médico são: náusea, forte dor de cabeça, dor abdominal, vômitos e alteração da consciência”.

Segundo o oftalmologista, as primeiras 48 horas são cruciais para salvar a visão e a vida após uma intoxicação por metanol. Diante da suspeita de ingestão de álcool adulterado, Queiroz Neto recomenda que a pessoa seja encaminhada a uma triagem no CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) para confirmar a acidose metabólica grave que requer hemodiálise para eliminar o metanol da corrente sanguínea.

“O acúmulo de ácido fórmico no nervo óptico pode causar edema que pode ser tratado com corticosteroides que eliminam a inflamação. A dica para prevenir intoxicação por bebida adulterada observar na garrafa o registro ANVISA, lacre de segurança e selo fiscal”, indica.

Diante da situação, o Ministério da Saúde anunciou novas medidas para reforçar o apoio ao Estado de São Paulo na confirmação dos casos suspeitos de intoxicação por metanol.

“Uma das ações que discutimos é apoiar o estado a fazer mais rapidamente a confirmação ou o descarte dos casos”, disse o ministro Alexandre Padilha. “Discutimos na sala de situação medidas para confirmar mais rapidamente.”

O ministro também anunciou a chegada do fomepizol, medicamento importado que bloqueia a ação tóxica do metanol no organismo. O lote virá dos Estados Unidos ainda nesta semana e será distribuído para centros de toxicologia em todo o país.

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