Mídia tradicional ajuda a combater fake news, aponta pesquisa

A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial lançou a pesquisa inédita “Fake News: Desafios das Organizações”.
O objetivo do trabalho foi conhecer a dimensão do problema e os mecanismos que podem contribuir para mitigar a propagação das fake news sob o ponto de vista corporativo. O estudo, realizado entre os dias 27 de fevereiro e 04 de abril de 2018, contou a com a participação de 52 organizações multinacionais, e estão distribuídas nos mais diversos setores de atividade.
De acordo com a pesquisa, a maioria das empresas considera os veículos tradicionais mais confiáveis na divulgação de notícias verdadeiras. Os principais canais acessados para fins de informação relevante são os jornais e revistas online (74%) e os jornais impressos (67%). Também são acessados: revistas impressas (39%); agências de notícias (39%); mídias sociais (28%); e televisão (22%).
Os blogs e fóruns online e as plataformas de compartilha-mento de vídeo são acessados por apenas 2% dos participantes.
A maioria dos participantes (62%) acredita não ser difícil identificar uma fake news e, entre os métodos utilizados para discernimento, destaca-se a confiança, tanto no veículo que publica (86%), quanto no jornalista que produz o artigo (52%). Para 91% dos participantes, as informações mais confiáveis são as encontradas nos veículos tradicionais (jornais e revistas impressos ou online), seguida por 71% nas agências de notícias.
Por outro lado, as menos confiáveis são as encontradas nas mídias sociais (71%).
“Em tempos de Fake News, o jornalismo de qualidade precisa ser valorizado. Pensar sobre os rumos da comunicação e a relação entre o mundo empresarial e a imprensa torna-se, mais do que nunca, indispensável. Nosso objetivo é antecipar as tendências que impactarão o mercado e responder aos novos desafios com agilidade”, destaca o jornalista Francisco Lino de Capão Bonito ao analisar pesquisa.

Riscos das fake news
De acordo com a pesquisa, o assunto “fake news” preocupa 85% dos representantes das empresas. No entanto, 67% das corporações não têm as fake news incluídas em seus temas estratégicos, e apenas 20% dizem ter estruturado seu departamento interno ou contratado serviços externos para acompanhar e gerir as publicações que envolvem notícias falsas.
“É um erro acreditar que eventuais riscos causados pelas fake news possam ser mitigados. Isto levando em conta apenas uma estratégia de ‘pós-controle’. Talvez agora seja o momento para que empresas se previnam contra as fake news, investindo em profissionais, educação em comunicação e estratégias para que não sejam prejudicadas no futuro”, alerta Paulo Nassar, presidente da Associação.
Os participantes acreditam que os principais impactos causados pelas fake news às organizações são danos à reputação da marca (91%); danos à imagem da empresa (77%); perdas econômico-financeiras (40%) e credibilidade da companhia (40%).
Os temas que os participantes consideram haver mais incidência de fake news são política nacional (78%), seguida por saúde (30%), assuntos internacionais (28%), negócios, economia e finanças (28%) e ciência e tecnologia (26%).

Propagação das fake news
Ao que tudo indica, as redes sociais continuarão dando muita dor de cabeça às corporações. Para 87% dos participantes, os meios que consideram mais utilizados para a divulgação de fake news são aplicativos de mídia social e mensagens (87%), seguidos por blogs e fóruns online (77%). As mídias tradicionais, como jornais e revistas (impressos e digitais), rádio e televisão, praticamente não foram citados pelos participantes como publicadores de fake news.
Para os 89% dos entrevistados, as plataformas de redes sociais não têm feito o suficiente para auxiliar os usuários na verificação da veracidade de um artigo antes de seu compartilha-mento, no entanto, também acreditam que plataformas de redes sociais abertas como Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e outros devem ser os principais responsáveis por tomar medidas de controle às fake news (64%), seguidas por autoridades públicas como governos, agências reguladoras e autoridades competentes (30%), assim como as organizações da sociedade civil (30%).
As fake news que mais causaram impacto na opinião pública no último ano, segundo os participantes, destacam-se as relacionadas a assuntos políticos (87%), à vida de figuras públicas (59%) e às questões de minorias (45%).
Entre as que causaram menor impacto, estão as relacionadas à ciência e tecnologia (88%), ao meio ambiente (86%) e à saúde (77%).
E em ano de eleições para o Executivo e Legislativo, 93% dos participantes acreditam que as fake news podem causar maiores prejuízos em 2018 com a influência direta nas as decisões de votação, que ocorrem no mês de outubro.
Para a maioria dos participantes (86%), o fechamento de contas falsas e a remoção de contas automáticas de redes sociais contribuirão efetivamente para a redução da propagação de fake news.
Outras ações que podem contribuir para o fim dessa prática são: mecanismos para bloquear o conteúdo patrocinado de contas que regularmente publicam ‘fake news’ (76%); e maior investimento em jornalismo investigativo baseado em dados para oferecer narrativas confiáveis e atraentes (62%).
Assim como vacinas e antídotos são desenvolvidos para prevenir ou combater doenças, o aperfeiçoamento de novas soluções tecnológicas pode contribuir efetivamente para que as fake news sejam extintas em um futuro próximo.

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