Diálogo. Essa pequena palavra aparece com crescente frequência no cenário da crise que paralisa o país, com efeitos danosos para a nação.
Um impacto que afeta principalmente os segmentos menos favorecidos, que amargam com maior peso o desemprego, a alta inflação, a queda de qualidade dos serviços públicos, e por aí vamos.
Seja qual for o desfecho da crise, o majoritário contingente de brasileiros responsáveis almeja que as pessoas – não importa o espaço que ocupem na cena nacional – se dispam de posturas radicais para se dedicarem ao indispensável diálogo, reconhecendo que esse é o único caminho para encurtar a distância para o fim da crise e a retomada do desenvolvimento.
Em entrevista a uma revista semanal, Renato Meirelles, presidente do instituto Data Popular, especializado em pes-quisar e identificar as aspirações da classe C (no caso presente, cremos que vale para outras classes, em boa parte), afirmou que a grande questão que divide os brasileiros não é quem ocupa a cadeira presidencial, mas qual é o papel do Estado na vida do cidadão comum.
Na prática, isso significa que a aspiração é por oportunidades melhores em saúde, educação e trabalho, somadas a menos corrupção, redução de impostos e melhora dos serviços públicos.
No desejável diálogo, é importante começar por reconhecer que os grandes problemas nacionais persistem há décadas e que – como também se repete há anos e anos – só terão soluções efetivas e sustentáveis com a adoção de políticas públicas consensuadas com a sociedade, pois o sucesso será atingido com sacrifícios. Por isso, é importante que tais planos sejam dimensionados de forma a afetar com o mínimo de impacto as populações mais pobres.
Talvez seja utópico imaginar que, da divisão provocada pela crise, nasça a predisposição para o diálogo. Mas essa é a condição indispensável para pacificar os ânimos e para legar às novas gerações aquele Brasil sonhado há tanto tempo, principalmente por aqueles que, como nós, se dedicam a assegurar um futuro melhor para os jovens.
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE/SP e do Conselho Diretor do CIEE Nacional