Na semana passada O Expresso publicou decisão da Justiça local sobre o rumoroso caso dos grileiros de Capão Bonito, dando assim sequência à notícia iniciada com a operação feita pela Polícia Civil no começo do ano passado.
O trabalho da polícia judiciária e que culminou na condenação de várias pessoas, teve início com denúncias de vários cidadãos que se sentiram prejudicados e até ameaçados pelos membros da quadrilha.
A resposta dada pelo Poder Judiciário vem de encontro ao anseio da opinião pública, que esperava uma punição exemplar. Apesar do trabalho feito pelo polícia e pelo judiciário, faltou um ponto a ser melhor esclarecido nesta questão.
Como havia no grupo de condenados pela grilagem de terras no município a participação de uma funcionária municipal, que era do setor da Educação, mas que transitava com anuência de alguém na prefeitura por setores que tinham informações que foram colhidas e usadas indevidamente pelo grupo criminoso, o caso deveria ter sido apurado pelos representantes da municipalidade com um mínimo de rigor.
Mas qual foi a postura do poder público municipal desde a deflagração da Operação Grileiros no ano passado? A postura foi praticamente de acobertar o caso e de alguém que age como se nada estivesse acontecendo.
Pior, além de não mandar investigar nada sobre o caso, que já havia sido alvo de medidas administrativas na gestão anterior, o atual governo agiu quase como um parceiro da funcionária acusada e que depois acabou sendo condenada.
Os gestores municipais não só não mandaram apurar nada, como aceitaram que a supervisora, que estava em prisão preventiva, pudesse aderir ao programa de demissão voluntária em vigor na prefeitura, e mais ainda, aprovaram o pedido e a indenizaram com todos os direitos do PDV mesmo ela estando recolhida, além disso, fizeram uma desapropriação de terreno no Jardim Santa Isabel, com necessidade duvidosa, que pertencia a familiares da servidora condenada.
Junte-se a tudo isso o fato de que cargos de confiança da atual gestão foram testemunhas de defesa da servidora e, por fim, houve uma citação nominal do atual prefeito no depoimento de um dos acusados.
Por tudo isso que foi relatado acima, a prefeitura deveria dar explicações sobre o caso e deveria, no mínimo, abrir um processo administrativo e torná-lo público para que a opinião pública tomasse conhecimento do que foi apurado.
Ser inerte neste caso, joga ainda mais dúvidas sobre o comportamento da atual gestão municipal neste rumoroso acontecimento que sacudiu a cidade e que mostrou que há muita fumaça sobre esse tema no atual governo municipal.
E como diz o velho ditado: “onde há fumaça, há fogo”.