Em uma decisão liminar pró isolamento, o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Rogério Schietti Cruz fez uma declaração que espelha muita a situação do Brasil neste momento de combate a Pandemia do Coronavírus.
“Continua o país desgovernado na área de saúde, já se vão seis dias sem um titular da pasta, à mercê das iniciativas nem sempre coordenadas dos governos regionais e municipais, carentes de uma voz nacional que exerça o papel que se espera de um líder democraticamente eleito e, portanto, responsável pelo bem-estar e saúde de toda a população, inclusive da que não o apoiou ou apoia”, escreveu o membro do STJ.
A declaração em sentença do membro da segunda mais alta corte do Judiciário brasileiro é uma amostra do que o país vive nos últimos meses desde que o mundo foi sacudido pela epidemia de Coronavírus e que o nosso presidente da República, Jair Bolsonaro, tem tratado a doença como se fosse uma simples gripezinha.
Expert em promover crises em seu próprio governo, o presidente nas últimas semanas parece ter se esmerado em promover problemas para si e para o país, perdeu dois ministros da Saúde em 30 dias, viu o ministro mais popular de seu governo pedir demissão e sair acusando-o de interferência na Polícia Federal, demitiu a sua secretária de Cultura e atriz global depois de poucas semanas no cargo e, além disso, está envolto em denúncias de irregularidades cometidas por filhos que podem comprometer inclusive a continuidade de seu mandato.
Infelizmente quando mais o Brasil precisava de seu presidente da República que foi eleito democraticamente, o que vemos é um comandante perdendo as rédeas do controle administrativo. Há nitidamente a sensação que a nação está sem comando ou está sendo comandada por alguém que não tem preparo para a função a que foi eleito.
É triste constatar que em pouco mais de um ano de governo o atual presidente que eleito como sendo a esperança de uma gestão liberal com menor participação do Estado estar sucumbindo exatamente não pelos seus erros e acertos na economia, mas sim por sua falta de habilidade para enfrentar os desafios de relacionamento que o cargo de presidente da República impõe ao ocupante da cadeira mais importante na hierarquia do Poder Executivo nacional.
Se continuar desta forma, agindo como um franco atirador, o presidente corre sério risco de não continuar em sua cadeira. Isso seria ruim para ele e também para o país, mas talvez seja a única alternativa que reste a Nação para não sucumbir de vez.