Perigo da interiorização

Muitas pessoas não conseguem entender os motivos que fazem com que a pandemia de Coronavírus no Brasil ainda não tenha entrado num estágio decrescente.
Diferentemente do que ocorreu em países europeus, no Brasil devido ao tamanho do nosso país, que têm dimensões continentais e onde existem mais de 5 mil municípios, está ocorrendo uma curva mais extensa no momento do pico dos casos, pois mesmo com as quedas de óbitos e de confirmações em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, a pandemia começou a chegar com maior agressividade no interior brasileiro.
O nosso Estado de São Paulo é um exemplo claro do que ocorre nos demais estados do nosso país, mesmo depois da capital deixar de ser o foco dos casos, os números não diminuíram, porque houve uma migração natural da doença para cidades do interior, como a nossa Capão Bonito, que tiveram um aumento do número de casos principalmente no mês de junho.
Esta característica de tamanho territorial certamente tem feito com que a pandemia tenha um comportamento mais contínuo do que em países como Itália, França e Espanha que são menores e tem grande densidade populacional. Outro fator que deve ser levado em questão é que o Brasil é uma nação em que o grande instrumento de transporte é o rodoviário e isto também é diferente do que existe em países da Europa em que o transporte ferroviário é o maior meio de transporte e nas ferrovias a taxa de contaminação é muito mais rápida.
Faltou ao governo federal, que desde o princípio se omitiu em comandar o combate a pandemia, este esclarecimento de que as nossas peculiaridades seriam preponderantes para que o enfrentamento do Coronavírus no país.
Nesta semana o foco em nosso Estado está nas cidades do interior e no restante do Brasil os casos tem aumentado consideravelmente em estados das regiões Sul e Centro Oeste. Isso mostra que o poder de contaminação no país é por fases, começou com grande efeito em estados como Pará, Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro e tem migrado para outros centros.
Tudo isto poderia ser previsto se o Governo Federal não tivesse mudado de estratégia e o presidente da República não tivesse demitido o ministro da Saúde, Luiz Fernando Mandetta, que vinha coordenando os trabalhos de forma eficaz.
A mudança no comando do Ministério mais importante neste momento de pandemia foi um retrocesso no combate à doença, que é seríssima e que lamentavelmente já ceifou a vida de milhares de brasileiros.
Agora mais do que nunca cabe a prefeitos e governadores continuar seus trabalhos, mas tendo cuidado que o perigo da interiorização da doença traz a um país continental como o nosso Brasil.
Faltou ao Governo Federal competência e, acima de tudo, capacidade de liderança, mas agora nada resta a fazer do que torcermos para que municípios e estados consigam ter êxito para proteger as famílias brasileiras.

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