Depois de quase dois meses de desaparecimento do vigia Adriano Marques de Carvalho que iria completar 41 anos esta semana, a notícia trágica que era temida por familiares e amigos acabou se confirmando com o corpo do vigia sendo encontrado numa plantação de eucalipto nas proximidades do trevo que dá acesso a estrada de Capão Bonito a Buri, há poucos quilômetros da região central da cidade.
A localização foi feita na última segunda-feira, dia 05, pela Polícia Civil de Capão Bonito com o apoio da DIG (Divisão de Investigações Gerais) da Delegacia Seccional de Itapeva, após um cúmplice do assassinato ter levado os investigadores até o local onde o corpo do vigia havia sido descartado e também ter confessado sua participação no homicídio. O vigia estava sumido efetivamente há 58 dias e a família tinha tentado todas as formas de localização, inclusive com colocação de cartazes, mensagens pelas redes sociais e até mesmo com um pedido de publicação em jornais, como O Expresso, para tentar localizar Adriano com vida.
Os familiares também fizeram busca em vários bairros do município e de cidades vizinhas.
“Fomos seis vezes fazer buscas desde manhã até a tarde em vários pontos, sem comer, sem tomar água, tudo na esperança de encontrar nosso irmão. Espero que Deus faça justiça”, disse um irmão da vítima à imprensa regional.
Sucesso na investigação
O crime começou a ser desvendando quando a Polícia Civil prendeu na segunda-feira um policial rodoviário que atuava na base de Capão Bonito e que morava em Buri e seu cunhado que eram suspeitos de serem os autores do homicídio.
O caso foi elucidado quando os acusados acabaram confessando o crime e entregando a localização do corpo do vigia.
A Polícia Civil informou à imprensa da região que o vigia tinha R$ 2 mil para receber do policial rodoviário que administrava uma empresa de segurança que prestava serviços para empreiteiras que atuam na região e que precisavam deixar algumas máquinas estacionadas nas proximidades das rodovias durante a realização de obras.
Segundo confissão dos acusados, o vigia foi chamado para receber, mas havia divergência sobre os valores quando Adriano acabou entrando em luta corporal com o policial, foi imobilizado e recebeu um tiro atrás da orelha com a bala se alojando no crânio do vigia.
Depois do homicídio o policial e seu cunhado atearam fogo no corpo e o enterraram numa cova relativamente rasa.
Quase 15 dias depois do ocorrido os autores voltaram ao local onde o corpo estava enterrado e deceparam a cabeça do vigia para remover a bala que estava alojada no crânio da vítima tentando ocultar provas do assassinato.
Os autores não conseguiram retirar o projétil que acabou sendo localizado pela polícia técnica. A cabeça do vigia foi localizada em outra cova, a cerca de 1 quilômetro do local onde estava enterrado o corpo na mesma plantação de eucalipto.
Para a Polícia Civil o caso além de ter sido bárbaro tem todas as características de emboscada, inclusive com premeditação já que a cova onde o corpo foi colocado tinha sido preparada com antecedência, além disso, o vigia foi imobilizado por trás antes de receber o tiro desferido pelo policial rodoviário.
Os dois suspeitos estão detidos por homicídio duplamente qualificado sendo que o policial encontra-se recolhido no Presídio Romão Gomes destinado a policiais.
O corpo do vigia foi enterrado na terça-feira no cemitério São João Batista em Capão Bonito com a presença de amigos e familiares que estavam revoltados com o ocorrido.
Os familiares da vítima afirmaram que havia esperanças de que Adriano estivesse vivo em algum local e por isso insistiram em todas as formas de comunicados via internet e que os desdobramentos do caso revelaram detalhes macabros que não há como explicar e entender.
“Matar alguém por dinheiro e desta forma brutal é algo que ultrapassa o entendimento humano. Nossa família precisa muito de orações nesta hora de perda de uma forma tão terrível. Agradecemos quem está respeitando esse momento e não fica perguntando a toda hora como foi, pois é algo muito traumático para nós”, afirmaram familiares.
Segundo policiais de Capão Bonito, o crime é um dos mais brutais registrados nos últimos anos na cidade e mostrou frieza dos autores, principalmente por terem voltado ao local onde o corpo estava enterrado para tentar ocultar provas do crime.