José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-Graduação da Uninove e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo
É incrível, mas ainda há negacionistas. Aqueles que juram ser normais os fenômenos da natureza que matam, apavoram, destroem. São “ciclos”, afirmam. Não são. Constituem a resposta ao descalabro com que tratamos o ambiente.
O aquecimento global é realidade científica, amplamente demonstrada pelos pesquisadores que se cansaram de alertar a humanidade surda e insensata. Agora, é a natureza quem está com a palavra. E responde como pode. Chuvas intensas e mais frequentes, estiagem, calor que sufoca e mata.
A crise climática intensifica todos esses fenômenos. Notadamente as chuvas e ventos. Foi o que o grupo de pesquisa WWA – World Weather Attribution apurou em relação ao furacão Helene, que atingiu o sudeste dos Estados Unidos em setembro e causou mais de 230 mortes.
Aqui também, no Brasil, o CEMADEN – Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, apurou que as chuvas copiosas e violentas já não ocorrem apenas na costa leste. Entraram pelo interior. Isso hoje é previsível. Em São Paulo o CGE – o Centro de Gerenciamento de Emergências consegue detectar a aproximação de tempestades com precisão e tempo suficiente a que as pessoas se acautelem.
É por isso que se deve levar a sério a questão climática. Já não se cuida de mudança, mas de emergência a requerer urgência. Em cada cidade, precisará merecer atenção a criação ou aprimoramento de grupos de defesa civil, com o trabalho orquestrado de Prefeituras, empresas, escolas e sociedade civil, para poupar vidas e reduzir os prejuízos.
Enquanto a sociedade humana não se corrigir de seus desatinos, dos quais o mais grave é a intensificação do uso de combustíveis fósseis, o mundo continuará a responder com essa inclemência. Não é desproporcional, considerada a crueldade com que o ambiente vem sendo tratado há séculos.
O momento é de replantio de árvores, para que a temperatura se reduza, que haja chuva e não falte água. E cuidar de abrigo para os desvalidos, as primeiras e prioritárias vítimas desses desastres que não são “naturais”. Quem os causa é o bicho-homem, criatura insensata, que parece não acreditar que ele é apenas uma parte do fabuloso complexo existencial, hoje desequilibrado em virtude de suas loucuras.