O município de Capão Bonito tem um único hospital, que é uma entidade sem fins lucrativos, a Santa Casa de Misericórdia, ela já tem mais de 80 anos e foi fundada e mantida ao longo das décadas pelo esforço de seus cidadãos e políticos, pois todos sabem da importância que esta unidade de saúde tem para toda população.
Todos também sabem que grande parte dos atendidos na Santa Casa de Capão Bonito é de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), portanto, os pagamentos dos serviços são feitos através de repasses do governo federal. Até algumas semanas a taxa de atendimento pelo SUS no hospital capão-bonitense passava de 92% e é sabido também que os valores pagos pelo SUS são insuficientes para bancar os procedimentos que são feitos por todos os hospitais do país. Além de atender maciçamente pacientes do Sistema Único de Saúde, a Santa Casa de Capão Bonito presta serviços para a cidade ao fazer o atendimento do Pronto Socorro, que é uma obrigação constitucional que cabe aos municípios.
O que mais chama a atenção, é que sistematicamente o prefeito da cidade, que exerce seu terceiro mandato, insiste em dizer cada vez que é questionado que a Santa Casa não é um problema da prefeitura e, consequentemente, não é um problema dele.
Se o maior aparelho de saúde pública e único hospital da cidade não é problema do prefeito, será problema de quem? Dos professores? Dos empresários? Dos comerciários? De quem então é a responsabilidade pela manutenção do único hospital da cidade?
Logicamente que o chefe do Executivo em parceria com a direção da entidade são os grandes responsáveis pela situação da Santa Casa de Capão Bonito, num município de porte médio como Capão Bonito essa responsabilidade é ainda maior.
Ainda mais se for levado em conta que a prefeitura de Capão Bonito literalmente paga um subpreço pelos serviços que são prestados pelo hospital no atendimento de toda a população no Pronto Socorro.
Municípios do mesmo porte na região chegam a repassar quase o triplo do valor que é repassado pela prefeitura de Capão Bonito, são exemplos disso: São Miguel Arcanjo e Itararé, que repassam mais de 1 milhão de reais para seus hospitais, enquanto que Capão Bonito repassa cerca de 420 mil reais para manutenção do Pronto Socorro e Maternidade.
Isso sem contar que das cidades citadas a única que conta com UTI em seu hospital é a Santa Casa de Capão Bonito, que deveria ter um suporte maior do poder público por este serviço.
Mas enquanto a Santa Casa de Capão Bonito não recebe a atenção que merece, vai passando dificuldades financeiras e com isso impõe também sacrifícios para seus funcionários, já que o hospital não faz mágica, se recebe pouco pelo serviço que presta, também não consegue arcar com todos os compromissos que lhe são impostos.
Não existe mágica, a Santa Casa deveria receber algo em torno de 800 mil a 1 milhão por mês da prefeitura e recebe pouco mais de 420 mil, então faltarão recursos para cestas básicas, reajustes e auxílios que o sindicato da categoria tem cobrado.
Se não conseguir ter recursos para o básico, o hospital certamente terá dificuldades para fazer o atendimento a todos os seus pacientes, principalmente para mais de 92% que são atendidos pelo SUS, mas pela lógica do prefeito capão-bonitense isso não é problema dele. Certamente para ele é problema do Papa.