Em 2023, 67% dos estudantes em cursos de formação de professores, como pedagogia e licenciaturas, estavam matriculados em modalidades de ensino a distância (EAD). Entre aqueles que ingressaram na graduação no ano passado, esse percentual sobe para 81%.
Os dados, revelados no Censo da Educação Superior 2023, foram divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em parceria com o Ministério da Educação (MEC).
A alta adesão ao EAD levanta preocupações entre especialistas e autoridades do MEC, que alertam para a possível redução na qualidade da formação docente. A mercantilização dos cursos EAD, muitas vezes com aulas gravadas e oferecidas a um número ilimitado de alunos, e a ausência de interações presenciais comprometem a solidez das graduações.
Em resposta a essas questões, o MEC decidiu, em maio, que pelo menos 50% da carga horária dos cursos de formação de professores na modalidade EAD deve ser presencial. Além disso, o ministério suspendeu a autorização para a criação de novos cursos EAD até março de 2025.
A crescente preferência por cursos EAD não é uma novidade: desde 2020, as matrículas em cursos presenciais são superadas pelas inscrições em EAD. No ano passado, 3,31 milhões de novos alunos se matricularam na modalidade EAD, quase o dobro dos 1,67 milhão de alunos nos cursos presenciais.
Apesar do aumento das vagas em EAD, com 19,1 milhões disponíveis em 2023, o ensino presencial ainda mantém a preferência, com mais de 5 milhões de alunos matriculados, em comparação com 4,9 milhões no EAD. No entanto, as previsões indicam que esses números podem se igualar ou inverter já em 2024.
Entre as licenciaturas, a Pedagogia é a mais requisitada, respondendo por mais de 53% das matrículas de professores em formação. Outros cursos populares na modalidade incluem Educação Física, História, Matemática, Letras (Português e Inglês), Biologia, Geografia, Química, Artes Visuais, Filosofia, Música e Ciências Sociais.