A coadjuvação da ONU

Uma das declarações mais temerárias do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, foi sua afirmativa de que a Organização das Nações Unidas (ONU) é obsoleta e incapaz de agir no mundo real e de solucionar os problemas deste.
Embora boa parte dos discursos e promessas do bilionário sejam contestáveis, o atual cenário geopolítico confirma essa alegação e urge por uma coalização mais proativa e decisiva.
Criada após a 2ª Guerra Mundial (1939-45), a ONU tem como objetivo preservar a paz, salvaguardar os direitos humanos e mediar hostilidades entre nações.
Contudo, poucas décadas depois, contendas ocorridas durante a Guerra Fria sem o aval da organização, como a Guerra do Vietnã (1962-75), minaram a influência desta e, desde então, ela perde cada vez mais espaço.
A ineficácia da ONU advém da rigidez de sua estrutura principal, a qual não sofreu alteração alguma em mais de 70 anos: o Conselho de Segurança Permanente é formado por China, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e França, os países vencedores da 2ª Guerra, mas estes dois últimos perderam seu protagonismo global há décadas e Alemanha e Japão, economias fortíssimas, são deixados de fora pelo papel de “vilão” que adquiriram durante o conflito. Além disso, as cinco nações contam com um poder de veto e, qualquer medida proposta, se não aceita com unanimidade, é rejeitada, o que prejudica muito os esforços de paz, uma vez que os interesses desses países são conflitantes.
Trump, por sua vez, defende atitudes condizentes com a multipolaridade global, a fim de esquecer atritos passados e modificar o padrão de cooperação internacional.
Ainda assim, a dificuldade de estabelecer um órgão que respeite e integre todos origina da própria diversidade humana e geográfica que compõe planeta e, embora seja atrativo imaginar um mundo sem conflitos e injustiças, sabemos que não passa de uma utopia.
Em escala global, a necessidade de recursos energéticos, financeiros e alimentícios é tão grande que o problema configura um verdadeiro cubo mágico, no qual a resolução de uma face causa a desordem de outra.
Em um cenário globalizado, é crucial uma coesão entre nações, e mudança e renovação são os únicos caminhos para que a ONU recupere sua influência e cumpra suas metas de tornar o mundo mais justo e humano.

Carla Cristina da Silva Almeida é estudante e professora de Inglês

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