Manchas na pele, coceira e sensação de fechamento na garganta, são alguns dos sintomas mais comuns de quem possui alergia alimentar. Determinada como uma reação do sistema imunológico a algum componente presente em um certo alimento, as alergias alimentares têm aumentado consideravelmente com o passar dos anos.
De acordo com os dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), entre 6 e 8% das crianças e entre 2 e 3% dos adultos têm alergias alimentares. Uma das alergias mais frequentes no país, é a APLV – alergia à proteína do leite de vaca, essa condição, pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum ocorrer em crianças abaixo dos dois anos, algo que exige o dobro da atenção dos responsáveis para o diagnóstico precoce.
A identificação prematura da doença é importante, porque possibilitará o rápido início do tratamento e, consequentemente, a diminuição do desconforto na criança. Se não tratada, a alergia pode levar à desnutrição e reações graves, como anafilaxia – que pode ser fatal e necessita de atendimento imediato.
Quem enfrenta essas restrições alimentares deve buscar orientação médica para encontrar alternativas que proporcionem um equilíbrio nutricional na dieta da criança. “As bebidas vegetais produzidas à base de castanhas, aveia, coco, entre outros itens naturais que comprovadamente fazem bem à saúde, podem ser um suplemento adequado no fornecimento dos principais minerais, cálcio, potássio, magnésio e proteína de bom valor nutricional, especialmente para os dois grupos, sejam intolerantes ou crianças alérgicas à proteína do leite”, afirma o cardiologista e nutrólogo, Dr. Daniel Magnoni, presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição.
Em Capão Bonito, Kayoma Cristina, descobriu a alergia em sua filha Lara, aos 4 meses, quando deu a ela 100ml de fórmula infantil para tomar. Logo após Lara terminar a mamadeira, apareceram manchas vermelhas ao redor de seus lábios e no pescoço, ela também começou a chorar muito e a reação da mãe foi de imediato ir ao Pronto Socorro. “Quando cheguei lá, em menos de 10 minutos, além das manchas, ela já apresentava inchaço nos olhos, lábios e leve rouquidão. Depois de buscar o motivo desse episódio, descobrimos que a Lara tem APLV do tipo Mediada (Alergia a Proteína do Leite de Vaca com reações imediatas após o consumo de leite ou derivados). Lara não pode consumir leite de origem animal (mesmo sem lactose) e todos os seus derivados: manteiga, margarina, creme de leite, leite condensado, iogurte, queijo, sorvete, chocolate, bolachas, bolos, tortas ou pães que contenham algum dos alimentos citados”, diz Kayoma.
Segundo a mãe, a maneira mais segura para Lara se alimentar, é consumir o que é preparado em casa, seja em receitas como bolos e pães, fazendo a substituição do leite animal por leite vegetal ou água. “Atualmente, a indústria oferece alimentos veganos, estes podem ser consumidos por ela também. É imprescindível olhar os rótulos dos alimentos antes de oferecer para ela; é obrigatório o destaque para os alérgicos na parte dos ingredientes. Quando vamos em algum restaurante, por exemplo, sempre perguntamos se no preparo daquele alimento que ela irá consumir não tem algum derivado do leite e explicamos que ela pode ter uma reação grave”, esclarece.
O acompanhamento nos casos mediados é feito por exames de sangue ou de pele, onde, conforme o resultado, o alergologista indicará o TPO (Teste de Provocação Oral). Esse teste é feito em ambiente hospitalar e seguindo a orientação médica.
Para ela, no âmbito escolar, seria interessante que, profissionais da saúde instruíssem professores e funcionários sobre a alergia alimentar e como identificar uma reação alérgica; ter um plano de ação para casos mediados pode salvar vidas.
Para Kayoma Cristina, a inclusão social da criança com APLV é algo significativo, faz com que ela se sinta normal para frequentar a escola, brincar, fazer amigos e crescer feliz. “Eu diria para as famílias de crianças alérgicas, que acredito que em tudo, Deus tem um propósito. As situações adversas nos tiram da zona de conforto, mudam nossa perspectiva e desenvolvem habilidades que não sabíamos ser possíveis. Não se culpe, você está fazendo seu melhor!”, ressalta a mãe de Lara.
A lei mais atual sobre o assunto é a de Nº 14.731, de 23 de novembro de 2023 – que institui a Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar, onde fica estabelecida sua celebração anualmente, na terceira semana do mês de maio.