O limite para vaidade e os riscos causados pelo excesso de procedimentos estéticos

Qual é o limite da vaidade? Harmonização facial, aumento de bumbum, lipoaspiração, abdominoplastia, plástica de pálpebras, preenchimento labial, suspenção das mamas, bichectomia, são tantos procedimentos com a promessa de renovar a imagem e tantas pessoas querendo se submeter a elas, que já se fala em epidemia estética. Mas será que vale a pena fazer de tudo para rejuvenescer?

Essa é uma pergunta que muitos deveriam se fazer, antes de enfrentar as cirurgias. O padrão exigido pela sociedade é tão alto, que a busca pela aparência ideal virou sinônimo de aceitação, sucesso e felicidade.

O Brasil é considerado o segundo maior mercado do mundo de cirurgia plástica, ficando atrás apenas do Estados Unidos, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética. Um estudo do Instituto de Pesquisa Datafolha encomendado pela SBCP mostrou que 73% das cirurgias realizadas no país são estéticas e apenas 27% reparadoras ou reconstrutoras.

O problema é que excessos de beleza, além de deformar o corpo, podem levar a morte, como no caso registrado no último dia 03 de junho, de um homem de 27 anos que morreu após realizar um procedimento estético no rosto, o famoso “peeling de fenol”, em uma clínica na Zona Sul de São Paulo. Outro exemplo, aconteceu em novembro de 2023, quando uma modelo, de 29 anos, morreu depois de fazer uma lipoaspiração no joelho.

Entre as celebridades, a atriz Courteney Cox – conhecida por interpretar a personagem Monica, na série Friends, é uma das que ficou com o rosto modificado, devido a preenchimentos e cirurgias plásticas. Um ano após realizar os procedimentos, a atriz reverteu as operações. “Todos os meus preenchimentos já dissolveram. Me sinto melhor, porque voltei a parecer comigo mesma. Envelhecer não é uma coisa fácil, mas eu aprendi algumas lições”, afirmou a atriz em uma entrevista para a revista New Beauty.

Em 2020, o astro The Weekend, se apresentou durante o American Music Awards, com bandagens no rosto. Pouco tempo depois, o cantor lançou o clipe da música “Save Your Tears”, que integra o álbum “After Hours”, no vídeo, o artista revela o resultado do rosto. Lábios com preenchimento, queixo alongado, as maçãs do rosto fundas e o nariz mais fino. Em entrevista à revista Variety, o músico contou que o visual era um protesto contra “a cultura das celebridades de Hollywood e as pessoas por realizarem procedimentos cirúrgicos para agradar os outros e serem aceitas”.

Alguns especialistas afirmam que exageros podem sinalizar problemas emocionais. “Por isso, a consulta médica antes de qualquer intervenção cirúrgica estética é muito importante para constatar se o procedimento desejado tem pertinência. É preciso verificar se a pessoa tem um perfil psicológico equilibrado”, disse o médico Ronaldo Golcman, um dos chefes de equipe de cirurgia plástica do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, em entrevista para o Uol.

Para Victor Citait, professor de cirurgia plástica da Uninove (Universidade Nove de Julho), o limite de procedimentos estéticos é o bom senso. “Muitos pacientes chegam ao consultório com uma ideia de que precisam fazer tudo, mas a cirurgia plástica não é algo milagroso no qual você entra em uma máquina e sai pronto, com todos os problemas resolvidos, não é assim que funciona. É importante entender o que ele precisa de fato e não fazer mais do que o necessário. Há procedimentos que ajudam muito e auxiliam milhares de pessoas, desde que sejam feitos com cautela e segurança”, afirma o especialista.

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