Capão Bonito tem avaliações acima da média nacional em Educação e Saneamento

Estudo inédito realizado pelo instituto Datafolha e jornal Folha de S.Paulo mostra que Capão Bonito ocupa a 2.403ª posição no Ranking de Eficiência de Municípios Folha (REM-F), que avaliou 5.281 cidades do País.
Conforme o jornal, o REM-F toma como referência os indicadores de Saúde, Educação Saneamento e Receita para estimar a eficiência da gestão municipal em todo o país.
Numa escala de 0 a 1, só 24% das cidades ultrapassam 0,50 e, por isso, podem ser consideradas eficientes.
Capão Bonito obteve índice de 0,462 no ranking, avaliação próxima do resultado de Sorocaba que tem um orçamento bem maior e obteve avaliação e 0,493.
O índice de Educação de Capão Bonito foi bem avaliado com nota 0,516 acima da média nacional que ficou em 0,500, ou seja, conforme a Folha, Capão Bonito tem um dos setores mais eficientes da região sudoeste e do Estado.
Já o melhor índice da cidade foi em Saneamento, com 0,850, bem acima da média nacional que foi de 0,567.
No setor de Saúde, a nota foi 0,361, e seguiu a mesma média de avaliação de outras cidades da região, inclusive as de maior porte.
O índice de receita com 0,127 continua mostrando que Capão Bonito precisa evoluir muito na questão de Receita e Renda.
Para o prefeito Julio Fernando, os dados positivos de Capão Bonito referentes à Educação e Saneamento são reflexos da política de investimentos nesses dois setores nos últimos anos. “Na gestão pública é importante avaliar esses dados. Eles balizam as ações para aperfeiçoar cada vez mais os setores. Na Educação tiramos do papel nos últimos anos o maior programa de construção, reforma e reestruturação de creches e escolas da história do município. No Saneamento os investimentos também foram expressivos tanto na zona urbana como rural. Levamos rede de água tratada ao Jardim Santa Isabel, uma reivindicação de mais de 30 anos, e também em comunidades rurais como Ferreira das Almas, Tomés, Paineiras e Querência do Turvo”, destacou Julio Fernando.
Cidades da região
Analisando ainda mais números do ranking, alguns dados sobre outras cidades da região chamam atenção.
Apiaí, por exemplo, apareceu na 2.497ª posição. O destaque da cidade ficou para a boa avaliação no setor de Saúde com índice de 0,519. A Educação apiaiense recebeu avaliação de 0,408 e o saneamento 0,740.
Ribeirão Grande está na 3.378ª com avaliação de 0,425. Os índices foram: Educação – 0,440, Saúde – 0,554, Saneamento – 0,648 e Receita – 0,241.
Taquarivaí está em 3.475ª no ranking com avaliação de 0,420 e índices de 0,387 em Educação, 0,563 em Saúde, 0,706 em Saneamento e 0,240 em Receita.
Ribeirão Branco aparece em 3.703º com REM-F de 0,423. Os índices foram: Educação – 0,423, Saúde – 0,419, Saneamento – 0,625 e Receita – 0,125.
Buri ficou em 4.076º lugar com avaliação de 0,389. Os índices foram: Educação – 0,461, Saúde – 0,290, Saneamento – 0,807 e Receita – 0,187.

Dinâmica da
economia brasileira
O Ranking de Eficiência dos Municípios – Folha (REM-F) espelha alguns dos resultados da dinâmica atual da economia brasileira: gastos públicos crescentes, inchaço do funcionalismo, perda de participação da indústria e a ascensão de regiões promissoras como o Nordeste e de áreas como o agronegócio.
Duas das cidades no topo do REM-F ficam em Minas Gerais. Ambas têm o que sobressai nas administrações que usam melhor os recursos financeiros em Educação, Saúde e Saneamento.
Cataguases, líder no ranking entre as cidades com mais de 50 mil habitantes (tem 74 mil) e a pequena Cachoeira da Prata (3.727), a primeira no geral, têm um passado industrial forte que deixou heranças à população. Mas o futuro é desafiador. Elas retratam parte do atual drama nacional: a dependência crescente que os municípios têm dos recursos não gerados localmente e a perda de dinamismo de setores como o industrial, que teve sua fatia no PIB reduzida de 28,5% para 22,7% na última década. Outras cidades e suas regiões visitadas pela reportagem da Folha, como Araraquara (SP), Juazeiro do Norte (CE), Porto Alegre (RS) e Porto Velho (RO) também revelam diferentes eixos e fases na atual dinâmica econômica do país.
Cataguases e Cachoeira da Prata, por exemplo, desfrutam de uma boa base de escolas, unidades de saúde e saneamento que, segundo os dados do REM-F, é bem aproveitada no presente.
Vista do alto, Cachoeira da Prata é um anel de casas em torno de uma indústria têxtil fechada. O prefeito Murcio José Silva se lamentou ao mostrar galpões abandonados e que já empregaram 30% da cidade.
Sem outra fonte econômica, a prefeitura hoje depende em quase 100% de repasses do chamado Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e de outras verbas públicas para manter suas duas escolas, administrar uma Unidade Básica de Saúde e financiar a construção de uma nova creche. É a mesma realidade da grande maioria das 5.281 prefeituras avaliadas pelo REM-F (95% das 5.569 no país): 72% (3.777) dependem em mais de 80% de repasses.
O FPM é o maior deles e transfere aos municípios 24,5% da arrecadação líquida do IR (Imposto de Renda) e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) recolhidos pela União. Eles também recebem dos Estados 25% do ICMS e 50% do IPVA.
Com a recessão e as desonerações tributárias ocorridas no governo Dilma, os repasses neste ano, de cerca de R$ 90 bilhões, devem ficar abaixo do total de 2015, quando também já haviam diminuído.
Em Cataguases, outro município que viu encolher sua base industrial nos últimos anos, a dependência do FPM e de demais verbas de fora é um pouco menor, mas acima de 80%. Assim como em Cachoeira da Prata, a prefeitura é hoje, individualmente, o maior empregador.
O prefeito José César Samor reconhece que o legado industrial de Cataguases e de boas administrações é o responsável pela rede de 25 escolas e 19 unidades de saúde. “A vida toda tivemos muitas escolas”, diz.
Em seus quatro anos de gestão, entre as medidas para liberar mais recursos para áreas básicas destaca-se o corte no funcionalismo, de 2.300 para 1.780 postos. Nesse ponto, Cataguases é uma das poucas exceções à regra entre as prefeituras.
Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, no entanto, a tendência de diminuição da participação da indústria no PIB e o maior dinamismo das regiões agrícolas e do Nordeste podem estar mudando a dinâmica de desempenho dos municípios brasileiros.
Ele observa que a evolução do IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, da ONU) vem mostrando melhora nas cidades mais atendidas pelo Bolsa Família (metade dos beneficiários está no Nordeste) e nas novas fronteiras agrícolas.
“O emprego no setor industrial tem um bom nível, mas está piorando. Na agricultura, o nível é pior, mas está melhorando”, diz Vale.

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