O grupo de Taiko de Capão Bonito conquistou no último domingo, dia 10/07, na cidade de São Bernardo do Campo o título inédito de Campeão Brasileiro na Categoria Júnior. A equipe vencedora nesta categoria, ganha o direito de participar do campeonato que ocorrerá na cidade de Kobe, em Hyogo, no Japão, no dia 19 de março de 2017.
A equipe principal é composta por Rodrigo Ken Mathuy Hissano, Tais Aiko Takeda Lima, Millene Hikari Watanabe, Thales Morigaki Kashima, Ana Laura B. Kakihara, Kamilly Harumi Watanabe, Michaela Mayumi G. Kacuta, Luiz Felipe Kakihara Rossi, Vitor Kenzo Takeda Lima, Guilherme Yoshio Kido, Yves Morigaki Kashima, tendo como treinadores Gustavo Diniz Maciel, Juliana Harumi Nishi e coordenador Cláudio Hissano.
Mesmo sendo um prêmio, pois todos os integrantes e também parte da comissão técnica ganham uma viagem ao Japão, os tocadores sabem que sobrará pouco tempo para comemorar, pois adquiriram também a responsabilidade de representar o Brasil no maior evento mundial dessa arte milenar, onde estarão competindo com mais de quarenta dos melhores grupos japoneses, bem como de outros países do mundo. A banca de jurados se-rá composta de mestres renomados dos principais estilos de Taiko. Serão mais de 500 tocadores de até 18 anos e para a organização do evento mais de 200 especialistas voluntários de várias nacionalidades. Em edições anteriores, o Brasil foi representado pelos Grupos de Brasília- DF (2015) e Colônia Pinhal – SP (2016). Após o campeonato, os tocadores capão-bonitenses poderão conhecer o Japão, realizar passeios, conhecer várias cidades, visitar o Monte Fuji.
Taiko Genryu Daiko
O grupo de Capão Bonito é composto de 24 membros. São jovens a partir de 7 anos que se dedicam com muita disciplina e esforço à arte do Taiko. Muitos pensam que “tocar Taiko” é simplesmente bater com as baquetas no tambor, mas aqueles que o praticam sabem que o sentimento e a profundidade desse toque tem que ir muito além. As baquetas, chamadas de “bati”, devem ser o prolongamento do corpo, e as batidas devem ressoar como batidas do coração, e expressar o sentimento que emana dele.
Os tocadores devem tocar sentindo a música. Não apenas executar toques com maestria, mas saber expressar a dor, a alegria, o medo e o entusiasmo. As músicas devem possuir significado. Os tocadores precisam transmitir esses significados. Para executar os 5 minutos de uma composição são necessários muito condicionamento físico, muitas horas de treino, muita dedicação. Além desses requisitos, por princípio, todo tocador deve manter uma conduta moral que o torne digno do Taiko. Ser uma boa pessoa, um bom cidadão antes de ser apenas um bom tocador. É a cultura japonesa difundida de maneira ampla. Esses conceitos foram introduzidos pelo instrutor Victor Kouki Uemura, o primeiro a ministrar ensinamentos mais intensos em 2010.
Experiência como
mãe de tocador
Segundo uma das coordenadoras do grupo, Nelida Hissano, o Taiko é uma arte que exige muita dedicação.
“Muitas vezes, pais acham exagerado o tempo dedicado à aquisição da técnica, à composição das músicas, ao aprendizado das notas musicais, à coreografia, que tem de beirar a perfeição, entretanto, as experiências vivenciadas pelos tocadores me fazem afirmar com toda a certeza de que o crescimento pessoal dos mesmos ultrapassa as nossas expectativas. Eles aprendem desde novos a traçar metas, buscar objetivos, lutar por eles, aprendem que nenhuma conquista é obtida facilmente, que é preciso disciplina e comprometimento para alcançar sucesso. Desde muito cedo precisam optar entre diferentes atividades e muitas vezes decidem em favor do grupo, por se tratar de um objetivo comum. Esses princípios se perpetuam na vida acadêmica, pois os antigos tocadores do grupo que hoje estudam em ótimas faculdades, conseguem conciliar diferentes atividades e muitas vezes encontram tempo para ensinar e ajudar os tocadores mais novos em nossa cidade. É o amor ao Taiko, tornando-os membros eternos desse grupo, que hoje se vê recompensado com a vitória. O Taiko foi muito importante na formação de meus filhos, ajudando-os a se tornarem responsáveis, preocupados com os que os cercam, conscientes da importância das suas atitudes individuais para a consecução dos sonhos de um grupo todo. O esforço de cada um se vê hoje. Parabéns a família e amigos Genryu Daiko de Capão Bonito, agradecemos a Associação Cultural e Esportiva de Capão Bonito por nos apoiar sempre e muito obrigada a todos que ajudaram a realizar esse sonho”, destacou Nelida Hissano.
Tema da música
Segundo ainda Nelida Hissano, numa competição de tambores japoneses a música vencedora tem de ser criada pelo grupo e representada de maneira que o seu significado possa ser entendido nas batidas dos tocadores. Nas músicas do grupo Genryu Daiko já foram apresentados vários temas, dentre eles Jindaiko (Guerra Medieval Genkou), estórias infantis japonesas (Teru Teru Bozo), lenda da criação do Japão (Izanagi).
O tema desse ano do grupo de Capão Bonito foi “A história de uma nascente”. Por Capão Bonito estar localizada numa região de muitas nascentes, em 2002, data de criação do Taiko em Capão Bonito, o fundador do grupo, sr. Masaaki Tsutsumi, deu-lhe o nome de “Genryu Daiko” que significa “Taiko da Nascente”.
A música representou o entorno de uma nascente, com seus pássaros e animais, o som das águas que ganham volume e uma pequena caçada de nativos ao seu entorno.
Para que isso fosse possível os alunos, acompanhados de um professor de Taiko vindo do Japão, adentraram as matas, na nascente do rio Parapitanga, em Capão Bonito, e ouviram todos os sons possíveis da mata.
Após esse passeio, voltaram ao Kai Kan e ali compuseram os toques que trouxeram a vitória a Capão Bonito.
Campeonato
Sudoeste de Taiko
Dentre os eventos de Taikô um dos destaques é o Campeonato Sudoeste realizado anualmente em cidades que compõem a Regional. Sorocaba, Ibiúna, Osasco, Itapetininga, Pilar do Sul, Piedade, Registro, São Miguel Arcanjo, Vargem Grande, Capão Bonito e Colônia Pinhal (distrito de São Miguel Arcanjo), que são as cidades que possuem Grupos de Taiko.
A Regional Sudoeste é dentre todas as regiões do Brasil a mais ativa, promovendo treinos e integração bimestrais entre mais de uma centena de tocadores.
Visando o aprimoramento e a difusão dessa arte, bem como a formação de jovens lideres, e fortalecendo a amizade entre eles, a Regional Sudoeste tem quatro campeões nacionais: Osasco, Ibiúna, Colônia Pinhal e agora Ca-pão Bonito.
Na edição de 2015, Capão Bonito foi vice-campeão na categoria livre e vice campeão na categoria Tibiko (menores de 12 anos) do Campeonato Sudoeste.
Em 2016 Capão Bonito se sagrou tricampeã no Campeonato Sudoeste.