Uma das questões do E-nem 2016 abordou a postura discrimina-tória do governo húngaro que planeja construir um muro a fim de barrar a entrada de refugiados e trouxe à atenção do Brasil um problema que divide a Europa há anos: o grande fluxo de imigrantes buscando asilo. Fugindo de guerras e perseguições políticas, os deslocados saem do Oriente Médio e do norte da África, ingressam em território europeu pelo Mar Mediterrâneo ou pela Turquia e buscam asilo nos países mais próximos, como Itália e Grécia.
Contudo, já gravemente afetadas pela crise de 2008, essas nações declararam não ter mais condições de abrigar estrangeiros e a Alemanha, líder da União Europeia, interveio com a criação de uma cota de imigrantes que cada país-membro deveria receber.
Os governos mais nacionalistas, como Hungria e Áustria protestaram e o Reino Unido, já incomodado com outras medidas liberais do bloco, resolveu deixar o mesmo em junho deste ano, através de um referendo.
As principais razões para esse fechamento a estrangeiros são a sobrecarga dos serviços públicos, a disputa por empregos e, principalmente, a dificuldade dos advindos de países muçulmanos em se adaptar à cultura europeia, combinada aos numerosos ataques terroristas realizados por radicais ligados ao Estado Islâmico, que mataram mais de 530 europeus nos últimos dez anos.
Entretanto, os imigrantes fogem da realidade infernal de seus países por um motivo: o imperialismo europeu, durante o século XIX, explorou os recursos naturais e humanos da África e da Ásia até a exaustão, deixando dezenas de milhões de mortos e territórios destruídos.
É claro que não é justo, nem racional, forçar a população europeia a pagar por erros cometidos por líderes há séculos, mas a dificuldade que o continente enfrenta hoje é fruto de suas próprias políticas intervencionistas e exploratórias.
Os governos devem se esforçar para mitigar os problemas e inserir os refugiados da melhor maneira possível em sua sociedade, mas essa crise serve apenas para reafirmar uma verdade latente na História e na nossa própria vida cotidiana: faça aos outros apenas o que você gostaria que fizessem a você, pois nem as nações mais poderosas do mundo estão imunes à simples sabedoria popular de que “quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
Carla Cristina da Silva Almeida é estudante e professora de Inglês