Julho Amarelo: hepatites B e C podem causar câncer de fígado

Cerca de 354 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com o vírus

 

O mês de julho, que leva a cor amarela, reforça a importância de um olhar cuidadoso para as hepatites, principalmente B e C, que podem resultar em câncer de fígado. Anualmente, cerca de 800 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de fígado no mundo.

Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento da doença, mundialmente as hepatites virais causadas pelos vírus B ou C são a causa mais comum. Vale lembrar ainda, que esse tipo de infecção também pode levar à cirrose hepática, que ocorre quando o tecido hepático normal é substituído pelo cicatricial não funcional, danificando o órgão.
“A hepatite viral causada pelos vírus B e C pode ser transmitida entre pessoas através de relações sexuais sem preservativo, transfusões de sangue, compartilhamento de agulhas contaminadas ou de objetos de higiene pessoal (como lâminas de barbear, depilar, alicates de unha, entre outros) ou durante o parto. Como forma de prevenção, a vacina contra hepatite B é oferecida gratuitamente pelo SUS. Além disso, apesar de não existir uma vacina para a infecção pelo vírus C, os novos tratamentos, também oferecidos de forma gratuita na rede pública, possuem chance de cura em cerca de 90% dos casos”, explica o Artur Rodrigues Ferreira, oncologista da Oncoclínicas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, é estimado que 354 milhões de pessoas tenham hepatite B ou C. Além da hepatite B e C, outros fatores que podem desencadear o câncer de fígado são: cirrose, diabetes, exposição a aflatoxinas (venenos produzidos por fungos que crescem em determinados alimentos quando não são armazenados corretamente e ficam expostos à umidade, como alguns tipos de grãos e castanhas), e consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

Dentre os tipos de câncer de fígado, o carcinoma hepatocelular, que se inicia nos hepatócitos (células localizadas no fígado) é o mais comum. “Ele é mais frequente nos pacientes com doenças hepáticas crônicas, como a cirrose, podendo ser proveniente do consumo excessivo do álcool ou de uma hepatite B ou C, por exemplo”, comenta o oncologista.

Segundo o médico, as Hepatites B ou C nem sempre irão resultar em câncer de fígado.

” As hepatites B e C, apesar de serem um fator de risco, não necessariamente determinarão o desenvolvimento da neoplasia, ou seja, apenas uma parcela dos pacientes irá evoluir para o câncer de fato. No entanto, adotar medidas de prevenção ao vírus é essencial para frear as estatísticas da doença”, explica Artur Ferreira.

De acordo com o oncologista da Oncoclínicas&Co, grande parte dos pacientes não irá apresentar sintomas nos estágios iniciais do câncer primário de fígado. No entanto, caso se manifestem, é importante ficar de olho em emagrecimento sem causa identificável, perda do apetite, dor na parte superior do abdômen, náusea e vômito, sensação de fraqueza e fadiga, inchaço abdominal (ascite), presença de massa abdominal, surgimento de icterícia, que é caracterizada pela coloração amarelada da pele e no interior dos olhos, fezes brancas e com coloração esbranquiçada (aparência de giz).

Justamente por ser uma doença silenciosa, nem sempre é fácil diagnosticar o câncer de fígado precocemente. “Geralmente, não são solicitados exames de rastreamento para o carcinoma hepatocelular na população em geral. Mas, eles podem e devem ser recomendados em casos específicos, como nos pacientes com cirrose hepática, ou ainda infecção crônica por hepatite B”, diz o especialista.

Veja também