Número de alunos da rede municipal cai mais de 20% em uma década em Capão Bonito

A reportagem de O Expresso pesquisou a evolução do número de matrículas nos Ensinos Infantil e Fundamental da rede pública municipal de ensino, através de informações oficiais que estão disponíveis no site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e constatou que o número de matrículas tem diminuído anualmente na última década.

O instituto que tem seus dados e pesquisas usados para elaboração de políticas públicas pelos mais de 5 mil municípios brasileiros, ainda oferece dados como número de escolas e de docentes.

A equipe de reportagem de O Expresso usou como base os números a partir de 2015, apesar de estar disponível no site do instituto dados desde 2008. O Expresso também usou dados da Secretaria Estadual de Educação, principalmente referentes aos anos de 2024 e 2025 que ainda não estão disponíveis na relação do IBGE, mas independente de quais anos tenham sido usados, uma coisa é certa, a tendência da diminuição de alunos matriculados tem caído a cada ano, com, no mínimo, 1% de diminuição de matrículas, mas há anos em queda, passou de 3%.

Pelos dados atuais, entre alunos do Ensino Infantil e do Ensino Fundamental matriculados em 2025 atingiu 6.825 alunos, em 2015 esse número era de 8.821. A maior diminuição de matrículas está no número de alunos do Ensino Fundamental e no Ensino Infantil essa diminuição não é tão expressiva. Em 2025 estão matriculados no Ensino Fundamental nas escolas municipais 4.586 alunos, em 2015 de acordo com dados do IBGE, esse número era de 6.741 alunos inscritos.

Especialistas ouvidos pelo O Expresso afirmaram que a diminuição de alunos matriculados em municípios como Capão Bonito é uma tendência irreversível, pois as famílias atualmente tendem a ter menos filhos e a cidade não está tendo um crescimento populacional nos últimos 30 anos que possibilite a manutenção ou o aumento do número de alunos.

“A cidade nos últimos 30 anos só teve entre 2017 a 2020 uma política pública de fomento à industrialização que poderia redundar em crescimento populacional e este período de 4 anos é muito pequeno para dar resultados, ainda mais que o projeto de industrialização da cidade não teve sequência. Mas o que mais chama a atenção é que os atuais governantes parecem que nunca olharam dados estatísticos do IBGE, pois mesmo com a cidade não crescendo e tendo menos alunos a cada ano estão construindo escolas novas”, disse um especialista em administração pública ouvido pelo O Expresso.

Uma servidora da área da Educação também ouvida pelo O Expresso, disse que a diminuição do número de alunos matriculados já é constatada na Secretaria Municipal de Educação, por isso é considerada equivocada obras de construção de escolas novas, como a que está sendo feita na região central da cidade onde está previsto um custo de 15 milhões entre desapropriação de terreno e construção da nova escola do centro.

“Já temos salas vazias em algumas escolas, unidades estão sendo fechadas, como foi o caso da escola dos Tomés. Como podemos justificar a construção de uma escola nova e ainda no centro, onde não se tem demanda por novas salas. Há algo de estranho em certas obras e com certeza não estão sendo executadas com base em dados e levantamentos científicos, como é o caso das informações do IBGE. Talvez seja mais um negócio do que planejamento da Educação”, disse a profissional da Educação que pediu para não ser identificada.

 

Escola do bairro dos Tomés fechada por falta de alunos
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