Na semana passada este jornal fez uma ampla matéria onde esmiuçou dados do IBGE sobre as matrículas na rede pública municipal de ensino nos últimos 10 anos. A matéria feita pela equipe de jornalismo de O Expresso, ao coletar os dados constatou que nos últimos 10 anos o município de Capão Bonito teve uma diminuição considerável do número de alunos matriculados em suas escolas.
A diminuição do número de alunos nos anos iniciais da rede municipal é reflexo do controle de natalidade que tem sido feito naturalmente nas famílias brasileiras. Ao longo dos anos, as famílias estão bem menos numerosas se comparadas a décadas passadas, portanto, como os casais na atualidade têm poucos filhos é natural para uma cidade que não cresce populacionalmente há 30 anos, como é caso de Capão Bonito, que se tenha uma diminuição dos alunos ano após ano nas escolas.
Para que o número de matrículas ficasse estável, a cidade deveria atrair novos moradores e isto só aconteceria se Capão Bonito tivesse um projeto de industrialização que gerasse muitos empregos e com isso o município recebesse moradores de outras localidades. Mas como este projeto não existe mais, o que cabe agora é que os atuais gestores passem a pensar na realidade existente, onde o número de alunos matriculados cai ano após ano. Isso quer dizer que o número de alunos por classe tende a diminuir e corre-se o risco de termos salas vazias num futuro breve.
Temos como exemplo o caso de escolas de bairros rurais do município, que estão sendo fechadas por falta de alunos, além disso, os gestores precisam analisar muito antes de construir novos prédios escolares e se for o caso disso acontecer, deve ser precedido de um estudo muito bem feito para não corrermos o risco de termos na cidade elefantes brancos feitos com verba da Educação.
O caso da nova escola na região central de Capão Bonito que atualmente está com a obra paralisada, é algo que não deve ter sido bem pensado. É sabido por todos na Secretaria Municipal de Educação que as maiores demandas por vaga na cidade estão localizadas em bairros da periferia e não no centro, então há uma grande chance da escola nova do centro, se ela for realmente concluída, virar um prédio com poucos alunos.
Se isto ocorrer, terão sido torrados mais de 14 milhões em recursos públicos, já que a escola está orçada em mais de 12 milhões de reais e a desapropriação custou 2,3 milhões de reais. Mas talvez isso não seja problema para alguns gestores públicos que estão mais preocupados em fazer obra de qualquer forma, mesmo que elas não sejam tão necessárias, afinal, para estes políticos o principal são outros interesses, mas com certeza não é o interesse público.