Setembro Amarelo alerta para aumento dos casos de suicídio entre jovens no Brasil

No dia 10 de setembro foi celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas as ações de conscientização se estendem por todo o mês com a campanha Setembro Amarelo, considerada a maior iniciativa antiestigma do mundo. Em 2025, o lema escolhido é “Se precisar, peça ajuda!”, um chamado para que as pessoas que enfrentam sofrimento emocional busquem apoio sem medo ou vergonha.

O suicídio é um grave problema de saúde pública que impacta famílias, comunidades e sistemas de saúde em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida a cada ano.

No Brasil, os registros giram em torno de 14 mil mortes anuais, o que representa, em média, 38 vidas perdidas por dia. Apesar da redução dos índices em algumas regiões do planeta, as Américas seguem na contramão, com taxas crescentes de suicídio.

Entre os jovens de 15 a 29 anos, a realidade é ainda mais alarmante, o suicídio é a quarta principal causa de morte, atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

Especialistas afirmam que quase todos os casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, muitas vezes não diagnosticados ou tratados de forma inadequada. Isso reforça a importância do acesso a atendimento psiquiátrico e psicológico de qualidade.

Em entrevista à Canção Nova, a psicóloga Thaís Ribeiro destacou que o suicídio não acontece de forma repentina, mas é fruto de um processo de sofrimento intenso. “A pessoa pode passar por estágios como desesperança, isolamento, perda de sentido e uma visão muito estreita da realidade, onde não consegue enxergar alternativas. Estar atento a esses sinais é fundamental para a prevenção”.

Segundo ela, não existe uma única causa. O risco costuma estar associado a uma combinação de fatores, como depressão, transtornos de ansiedade, uso abusivo de substâncias, histórico de violência, traumas ou dificuldades de relacionamento. A psicóloga também alerta para os impactos das redes sociais, que podem intensificar a sensação de inadequação, favorecer comparações negativas e expor jovens ao cyberbullying. “Uma tentativa de suicídio é sempre um pedido de socorro. É essencial que essa pessoa se sinta acolhida, compreendida e não julgada. Mais do que nunca, é preciso que perceba que não está sozinha”, ressalta.

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2022 mostram que, entre 2016 e 2021, houve um aumento de quase 50% nas taxas de mortalidade por suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos. Entre jovens de 10 a 14 anos, o crescimento foi de 45% no mesmo período.

No Brasil, as taxas são maiores entre os homens (12,6 por 100 mil) do que entre as mulheres (5,4 por 100 mil). Enquanto os países de alta renda registram índices masculinos ainda mais elevados, em países de baixa e média renda o aumento preocupa principalmente no caso das mulheres.

Embora apenas 38 países no mundo tenham desenvolvido estratégias nacionais de prevenção ao suicídio, especialistas defendem que o tema precisa ser prioridade nas agendas de saúde pública. Ações de conscientização, como o Setembro Amarelo, são consideradas fundamentais para quebrar tabus, combater o estigma e ampliar o acesso ao cuidado.

O suicídio é um fenômeno complexo, que atravessa gêneros, classes sociais, idades e culturas. Por isso, a prevenção exige um esforço coletivo, envolvendo famílias, escolas, profissionais de saúde e políticas públicas eficazes.

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